terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Que o ano novo tenha gosto de você

Esse ano passou 
E eu estive com você
Um novo ano chega
Eu espero continuar a te ver
Quero os seus timbres bonitos cansados
Seus jeitos, trejeitos e infinitudes 
Desejo seu cheiro incrível que faz parte de mim
Pode andar por aí, mas volta por aqui
Não some não
Esquece de mim não
Vamos ficar mais um pouquinho
Nem que seja para fazer um carinho
Deixa eu ver os olhos mais lindos
Deixa eu ficar perto de você
Perto de ti eu esqueço tudo
Esqueço até de te esquecer.

                 
                    Ísis Caldeira Prates

sábado, 28 de dezembro de 2013

Versos obscenos

Os poetas aflitos de outrora
Trouxeram consigo as vaidades
Que a alma vã carrega destemida
Os poetas desesperados de agora
Trouxeram consigo a luxúria do desassossego
A busca pela saciedade do corpo
Com as carícias falsas de mãos turbulentas
Os poetas se apaixonaram
Sempre por amores absurdos
Nunca foram amores mudos
Todos escritos em versos obscenos.

              
              Ísis Caldeira Prates

Existem outros braços além dos seus

Afaste-se de mim por um tempo
Preciso pensar nas coisas que estão me incomodando
Preciso pensar se você vale a pena
Estou com dúvidas a seu respeito
Não tenho certeza se quero te deixar
Mas estou dolorida com a sua instabilidade
Com a sua falta de ação
Tome cuidado com o quanto dá-me valor
Porque sentirá minha falta quando eu partir
Não me tem nas mãos tanto quanto pensa
Eu não sei ficar em cima do muro
Ou é sim, ou é não
Ser intensa muitas vezes me fere
Mas eu prefiro atitude à indecisão
Hoje eu estou com você, amanhã talvez não.


               Ísis Caldeira Prates

A cada queda morre uma parte de mim

Eu me pego catando estrelas no chão
Estou tentando trazê-las de volta pro céu
Meu céu que era tão bonito
E agora minhas estrelas estão no chão
Elas estão se molhando na água do mar
As ondas estão carregando-as
Por favor, não levem tudo...
É só o que tenho.


              Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Pressentimentos

Pré-sentir
Sentir antes
Imaginar antes
E ser o que no fim?
Os pontos ou as vírgulas?
Etc e tal?
Surpresa ou banal?
Falas de liquidificador
Atinge logo o ponto
Mas não chegue no fim.


               Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Abatida nas batidas da solidão

Talvez eu acabe promíscua
Fazendo poesia de bar
Talvez eu me deite no escuro a procura de um par
Meu olhar de dor continua a sustentar
todo o vício que me restringe a ficar
Procuro cega o caminho
Labirinto vivo de tristeza lunar
Rasteiro é meu pranto indigno de amor
Pudera eu ser uma flor
Que mora no mato viva em cor
Exibo-me para a solidão
O nada procura perdão
As rosas no caminho murcharam
As flechadas do vizinho sangraram
Os próximos estão amargos
Confio desconfiado
Os amores em vida se calaram
Meus dias estão desalinhados
Esteja lá quando eu pedir
Passarinho volta a sorrir
Caminhar em dor é partir
Abalo corriqueiro a me perseguir
Mutilados estão meus pés
Fardos no lombo caído
Saio em mistério distante das estrelas
O céu não é certo quando se cobre as espadas.

                   Ísis Caldeira Prates

domingo, 22 de dezembro de 2013

Emaranhado de envolvimentos

As ondas corpóreas se ajustavam ao pensamento
Eu queria ele se afogando em minhas águas turbulentas
Eu queria ele no fundo, a superfície era monstruosa demais
Eu queria as dores, os prazeres e as misérias de sua alma
Eu queria os vazios, os olhos desnudos e a boca trêmula
Ele não me pertencia, mas ali eu sabia, ele era minha sina.


                     Ísis Caldeira Prates 

As ervas daninhas que insistem em crescer na alma

Eu preciso aprender a conviver com minhas cores
E minhas nuances, sejam elas quais forem
Preciso me equilibrar nos abalos das minhas verdades e mentiras
Porque sou muito hipócrita em minhas condições
E meus calcanhares estão expostos às fragilidades mastigantes
O meu envoltório de consciência faz de mim equívoco
Minhas páginas estão sempre molhadas por desolação
O escuro me é certo, a clareza não
Sou louca concebida pela absolvição
Dos contextos de outrora, me fechei para a contenção
Abri minha caixa de pandora e agora sou caos, medo e ilusão.


                  Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Idas e vindas de nós dois

Eu já te disse que não volto
Estou indo embora
Estou batendo a porta
E saindo rua afora
Se eu voltar, é porque errei.

           Ísis Caldeira Prates

Os anjos moram nas estrelas

Você não tirou meu chão
Tirou meu teto
Fiquei um pouco atônica
Com medo dos temporais
Mas percebi que você não me fez mal
Agora sem teto eu podia ver as estrelas
E as estrelas são a coisa que eu mais amo
Você me deu o que eu mais amava
Você me deu você.


           Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ainda te vejo?

Eu te quero e não te quero ao mesmo tempo
Sinto que me consome, que me come
Com esses olhos de águas cristalinas
Mas preciso sempre de mais
Preciso de você perto
Mesmo que esteja longe
Preciso de saber que ainda quer
Que ainda se importa
Você está se distanciando
Não quero pensar que está partindo.

            Ísis Caldeira Prates

Nós perdemos o costume

Nessa manhã chuvosa
Tudo o que eu preciso
São dos meus tocs paranóicos
Ficar dando voltas na minha cabeça
Ficar de nostalgia
Do tempo que eu era criança
E nada me era apego ou apelo
Era tudo brincadeira.

             Ísis Caldeira Prates

Firmo solta meu sentimento

Migro em migalhas trazidas por ti
Finjo um estado satisfatório
Uma mente sã
E um coração curado.

              Ísis Caldeira Prates

Médios escritores

Minto mentiras repugnantes
Falo verdades exorbitantes
Me causam tesão, poetas que falam de razão
Tenho fetiche por conhecimento ilustrado
Mais que por cabelos desarrumados
E flores no portão.

         Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Capítulos em braile

Os olhos se esquecem dos abismos
Os risos, as falas, as brisas
Calam as luzes distantes
Proibidas de amor
Ao longe ouve-se distante
Os barulhos do ardor
Os gritos altos constantes
Afligem o redentor
Receptáculos de dúvidas
Atingem os sozinhos
Os acompanhados se ocupam
Com vazios de gente sem razão.

             Ísis Caldeira Prates

Soa como fases

O tempo já não diz mais minha idade
Os destroços em mim, sim
Não me sinto madura ou inocente
Na verdade eu vou e volto entre os dois
Um dia eu aprendo, no outro não.

           Ísis Caldeira Prates

O caminho é logo ali

Sorrisos bruscos
Clareiam ímpetos cegos
A cegueira exagera a verdade do ser
Confissões inaudíveis constroem muros
O silêncio toca uma melancolia
Os milindros sujos enlameiam as rosas
As espinhosas rosas que se perderam
A lembrança está gravada
Memória seca e manipulada
Alimenta o sofrer
Sobreviver é para os fortes
Chorar é para os amargos
Desesperam-se os fracos
Mas todos se perderam.

            Ísis Caldeira Prates

Eu ainda sinto que você fica, que você volta

Quando estou com ele
Tenho medo de piscar
E perder um sorriso
Ou um olhar
Ele é um labirinto
Suga meus instintos sacanas
Não me devolve para a vida
A realidade se perde de mim
Quando sair não feche a porta
Deixe aberta para quando quiser voltar.

   
         Ísis Caldeira Prates

4

De quatro por ele
Mas não dele
Para mim
De quatro no quarto dele
Não para ele
Para mim
De quatro nem sempre por baixo
De quatro eu estou por cima.

       
            Ísis Caldeira Prates

domingo, 15 de dezembro de 2013

Volta aqui motorista!

Fantasiada de mulher decidida
Eu me perdi em você
Caí igual mulher chique de salto cai na rua
Parecia aqueles dias em que você espera o ônibus
Sabe que ele vai vir, você dá sinal
E ele não para pra você subir.

           Ísis Caldeira Prates

sábado, 14 de dezembro de 2013

Do desgosto ao ápice

Pragas praguejadas sem consolo

Sonhos planejados em planalto

Labirintos inquietos e diversos

Menor, maior, Menor

Precisamos de maioridade

Precisamos nos emancipar.

     
                   Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ode ao amor!

Testa meu fogo
E sente meu corpo
Como quem ouve uma sinfonia
Respira meu cheiro
E bombeia com oxigênio
Para suas veias
Me beija com sede
Prova minha pele
Encanta meu clamor
Muda meu afeto
Afeta-me com seus mistérios
Me ensina com ar de professor
Me puxa para o seu universo
E me molha de fervor
Por favor, me ensina esse querer sem pudor.

                   Ísis Caldeira Prates

Portas entreabertas

E percebendo que meus olhos estão distantes
Eu procuro o que meus devaneios querem me dizer
Íntimamente eu me conto segredos
Eu me conto sobre meus medos paranóicos
Deveria sentar na varanda, debaixo da lua
E fazer pedidos perdidos por astúcia
Tudo está distante, até meus vícios
Todos os meus artifícios são para me perder.

                    Ísis Caldeira Prates

Os nós que nós não nos damos

Então era mesmo verdade...
É mais feliz quem ama o ser e não o ter
Entendo só agora que ele é mais feliz livre
E que eu também sou
Entendo que não há abandono
E que a verdade está no querer
E não no precisar
Os olhos dele sempre estarão famintos ao me ver
E eu retribuirei esse calor
Nossos corpos tão eufóricos ao se ver
Tão comuns ao se tocar
Tão abertos à conhecer
E tão dispostos a se encontrar.

                       Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Não quero que saiba que estou sofrendo

Tomara que ele não esteja lendo meus poemas
Porque essa loucura é coisa minha.


                          Ísis Caldeira Prates

Já não sei mais de mim

Eu tenho cansado de ser poeta
Essa arte desequilibrada e promíscua
Ela me faz colocar sentimentos demais nas coisas
É quase uma doença
É perigoso ser intensa hoje em dia
É perigoso falar tão abertamente de amor
É perigoso esperar algo dos outros
É perigoso se expressar
Ah desculpe poesia...
É que hoje a dor está gritando dentro de mim
E sinto que vai gritar por muito tempo
Só preciso de um colo que ninguém pode me dar
Eu amo o que não posso amar.


                       Ísis Caldeira Prates

Então vai Anjo, mas lembre-se, eu estou aqui...

E quando ele disse que dali não passaria
Criou um abismo entre nós
Quebrou tudo que eu imaginei
Era como se nós estivéssemos no mesmo barco
Mas remássemos em sentidos opostos
Sabia que ele gostava de mim, não duvidava
Mas não era o bastante para ficar
Mas mesmo assim, eu ainda o queria
Como eu não devia querer
Queria saber como ele estava, se estava bem
Queria me manter na lembrança dele
Eu não aceitava que ele poderia me esquecer
Não existe dor maior do que cair no esquecimento
Mas nós éramos amigos e nos falávamos sempre
Eu também não entendia o motivo de querê-lo preso à mim
Agora, só quero que ele fique livre e voe alto
Quero sinceramente que ele seja feliz
E quero que ele saiba, que revê-lo sempre será uma alegria
E sim, eu ficarei bem...


                     Ísis Caldeira Prates 



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Eu não sei o por quê desse meu desequilíbrio

Sabe aquele precisar bobo e inconsequente?
Aquele ar que não é da atmosfera
E aquele aperto no coração causado pela distância?
Pois é... Eu estou sentindo isso
Às vezes melhora um pouco
Mas à noite, quando vou dormir
Sinto uma solidão...
Que ninguém cura
Além daquele que me deixou assim
Então o que será de mim?
Já que ele não vem...

                   Ísis Caldeira Prates

Negligência

Por que eu sempre sou negligente comigo?
É essa a palavra, negligente!
Trato-me como se eu fosse de ferro
Quando eu sou mais frágil que papel.

                      Ísis Caldeira Prates

Bailarina manca

À noite eu tentei não pensar
E deu certo
Mas pela manhã o choro veio
Me faltou ar, deu um aperto no coração
Sensação de abandono, de incapacidade
Sensação da mais pura solidão
E eu ouvi música, dancei chorando no meu quarto
A cena mais triste que já vi
Tão dolorida que me deixei levar pela música
E nos passos da dança, parecia que nevava
Parecia que não ia passar
Eu me senti pela metade
Eu queria esquecer
Parar onde começou
Eu não queria me envolver
Mas estava ali, envolvida, estrupiada
Eu queria sair, mas não para rua
Eu queria sair de mim.

                           Ísis Caldeira Prates

domingo, 8 de dezembro de 2013

Tudo tão fugaz

O pior não é a dor
É a anestesia depois
A gente fica parecendo zumbi
Não acredita mais em nada
E fica tendo sensação de infarto
De que não vai sobreviver
A gente morre um pouco
No meu caso, o medo só aumenta.

                  Ísis Caldeira Prates

É hora de parar

E quando alguém entra na minha vida
Faz parte de mim
Fica marcado
Mas a vida acha injusto deixar alguém ficar
Eu achava que era mais feliz por ser intensa
Que boba eu fui...
Minha intensidade é minha pior inimiga
Parece satisfatória, mas depois me faz chorar
E eu chorei, chorei mesmo
E sempre choro, sempre fico triste, sempre me importo
Eu achei que era o certo, não era
Nunca é
Por que eu sempre tenho que quebrar a cara?
Não culpo ninguém, é tudo culpa minha
Preciso de tratamento de choque
Preciso parar de ser sentimental
Agora entendo os amargurados
Um dia eles amaram
Mas não sabiam da dor que era amar

                     Ísis Caldeira Prates

        

sábado, 7 de dezembro de 2013

Chega de saudade

As portas da minha alma escondem meu infinito
Tudo que toco é infinito
Fica dando voltas no infinito meu
Tão infinito que torna distante o real
E traz à tona o virtual
Meu cérebro mistura as memórias
E cria falsas lembranças
Então penso que os ruins são bons
E que os bons são ruins
A culpa é da saudade
Que faz caber o que não cabe
E transborda pela pia com louças sujas
Saudade só vem de coisa suja.


                       Ísis Caldeira Prates 

Tenho que gostar de mim. Eu já disse isso antes...

Não sei amar...! Pronto, falei!
Agora podem começar a formar a fila
Para que machucar
Já que sempre dói
Que doa consciente
Que eu olhe nos olhos e saiba
Da minha humilhante incapacidade
De me amar.


                             Ísis Caldeira Prates

Algodão doce

Menina! Teu veneno te consome!
Some a fome, some o homem
Aquele que te deixou no altar
Corta o cabelo diferente
Estranha que nem parece gente
Virou tubarão a andar
Fez burrice e bizarrice
Boneca de pano sem lar
Nos braços da menina moça
Sentiu cheiro de doce
Um desejo a se pensar
Ela chorou três noites
Pelo canalha que estava no bar
Encontrou colo na vida bandida
Amor? Ela nem passava por lá
Ela ainda tem seus traumas
Nem tudo tem recompensas
Mas ela sabe, pode até ser ovelha desgarrada
Porém tudo que ela gosta, agora ela faz rodar.


                         Ísis Caldeira Prates

Cabe?

Mais um vazio atrelado à loucura congênita

Eu tô jogando pedra
Tô jogando pedra até em mim

De sangue se sujam as palavras tortas
Meias palavras sem nexo ou anexo
Não foram enviadas a mim

Mendiga, pedi alma na rua
Parei na esquina da lua
Amor fácil, tive facilzinho

Dor, a mais consumista
Viaja para meus prazeres e suga para além mar
Devaneios na janela
Lá vem a música que me faz chorar

Chorei tristinha, toda sensívelzinha
Continuei à rezar
Reza a lenda que o amor das laranjeiras
É percebido pelo all-star.


                             Ísis Caldeira Prates




Sozinha

Meu destino é andar sozinha?
Fico me perguntando...
Sempre que está bom, esfria
Quando penso que é a hora, não é
Tento ser positiva, agradável
Mas parece que o universo fica feliz
Por me tirar as coisas
Desculpe, não é você universo
As escolhas são minhas
Não posso te culpar
Nem posso me culpar
É assim, todos vão te decepcionar
E você vai decepcionar à todos
Os relacionamentos são decepcionantes
As pessoas se machucam
E são tristes por isso
Meu problema é procurar outra alma
Para preencher meu corpo
Enquanto eu devia me sentir bem sozinha
Entendo que solidão é diferente de estar só
Solidão é o isolamento de alma
Estar só é estar bem consigo mesmo.

                         Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Pés no chão e braços ao seu redor

Acho que uma vez eu falei de amor para ele
Mas não é amor o que sinto
É uma coisa bem mais ilegal
Mais viva e menos vazia
É quase uma transição de pele
Eu gosto da matéria que ele carrega
Amor é espiritual
Eu tenho sede carnal
Vontade de contato, de atrito
Talvez eu tropece no amor uma hora
Mas prefiro chamar isso de desejo
De querer, de vontade e de prazer
Ele é a realidade que eu perdi um dia
Eu voava sem ter asas e caía
Agora eu prefiro o chão
Porque é onde ele está.

                         Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Te quero

Essa noite eu queria tanto você...
Senti seu cheiro em mim
Lembrei dos seus beijos
Lembrei da sua urgência
E da sua boca quente
A lembrança me traz arrepios
E meus olhos se fecham só de pensar
Queria te ter essa noite
Queria no calor infernal dessa cidade
Ter um motivo plausível para derreter.

     
                        Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A verdade está no seu silêncio

Você é meio complicado, sabia?
Não é de falar o que sente
E eu tenho que decifrar seus sinais
Eu sou daquelas que também necessitam de palavras
Por mais óbvio que você seja
Mas também estou aprendendo
Aprendendo que tudo tem seu tempo
Estou aprendendo a dar valor as atitudes
E que palavras são secundárias
Na verdade eu percebi
Que eu amo tudo o que você carrega
Mas não diz.


                                Ísis Caldeira Prates

Agora eu vou, querida...

Essa semana eu passei calada
Envolvida por mim
Atrelada aos sossegos
À velha arte do por vir
Ditei regras bobas
Menti por ninguém
Ouvi blues no elevador
Dormi no metrô
Cantei Elvis e chorei
Meus discos estavam velhos
O cinzeiro com cigarros
E copos vazios pelo chão
Deitei de cabeça para baixo no sofá
Podia ver o mundo girar
E que girasse mais
Quem sabe assim
Em uma dessas voltas
Eu encontrasse caos.
                   
                   Ísis Caldeira Prates

Em todos os sentidos

Só agora entendi
Que amor entra pelos olhos
Pelos ouvidos
Pelo nariz
Pela boca
E por entre as pernas.


                    Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Medo do teu abandono

Enquanto eu o amava
Eu por vezes abria meus olhos
Só para olhá-lo
Ficava pensando, um pouco insegura
Em como seria o depois
Eu que sempre fui boa com palavras
Agora tinha um certo cuidado em dizê-las
Pela primeira vez na vida senti medo
Medo de perdê-lo
Não medo de que ele fosse embora
Mas medo de que ele me esquecesse de vez.

                           Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Você preencheu os vazios que haviam em mim

Então mudastes a minha poesia
Ter-te foi mais que tocar-te
Foi me tocar, foi me permitir
Mudou de lugar algumas dúvidas
Colocou segurança onde já não tinha
Ter-te foi descobrir um mundo novo
O seu mundo, que mudou o meu
Abrir-me para você foi lindo
Foi essencial e substancial
Foi químico e espiritual
Foi um prazer te encontrar
Foi um prazer te beijar
Foi um prazer roubar seu olhar
A partida foi um gozo
Que sabemos e dizemos um pro outro
Que voltaremos a nos encontrar.


                           Ísis Caldeira Prates

No infinito abro minhas asas

Olhei pela janela
E já não era mais a mesma
As grades caíram e eu estava livre
Tão livre quanto os pássaros no céu azul
Eu podia tocar as estrelas e sentir o sol
Flutuava no espaço, na redenção
Habitei lugares de amor
Habitei-me, abri-me, enxerguei-me
Tem instantes que duram uma vida
Tem vida que dura um instante
Os meus sonhos agora são tão reais
Ou a minha realidade se tornou um sonho
Na verdade não importa
O que me importa agora é que posso abrir os olhos e ver a luz.

                               Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Voei feito pássaro livre

As luzes embaralhavam minha visão
Mal podia enxergar
Parecia o fim de um eclipse solar
O ar era mais puro
Recapturei minha imaginação
Enfim, saí da caverna de Platão.


                Ísis Caldeira Prates

Eu sei que você volta

Nossos corpos deitados, calados, virados, de costas
As palavras saíram quase sem querer
E eu esperando que entenda
Me dê absolvição
Não vamos nos julgar no tribunal da inquisição
Errei, erramos...
Mas ainda é amor e desejo
Ainda é o teu beijo
Ainda é você
Encosto minhas costas em ti
Sei que começas a sorrir
Viro-me e te beijo
Selamos assim o perdão
De um amor amado por inteiro.

                       Ísis Caldeira Prates

domingo, 24 de novembro de 2013

Ocupou meu esconderijo

Meu nevoeiro está com uma cor diferente
Não sei distinguir que cor é
Talvez seja a cor dele
Ou a cor dele e a minha juntas
Meu nevoeiro quase sorri para mim
Eu que antes não gostava de andar por ele
Hoje prefiro ficar
Bonito isso, não é?
Quando alguém ocupa o pior lugar dentro de nós
E faz com que este seja o melhor
Então as luzes não só piscam, elas iluminam
Eu disse que ele era um Anjo...

                        Ísis Caldeira Prates

Notas de uma m... Ah sei lá quem.

Parece que felicidade virou obsessão
Sabe, eu não estou obcecada por ser feliz
Estou obcecada por saber quem eu sou
E por isso não consigo ser totalmente feliz
Quanto mais me conheço, mais dúvidas tenho
E prefiro mesmo as dúvidas
Sem dúvidas eu seria um poço de ego
E cá pra nós, pessoas assim são um porre!

                    Ísis Caldeira Prates

Precisamos errar

Percebo que traumas íntimos são passados de pais para filhos
Vejo a repetição dos mesmos erros
Vejo cobranças por honestidade
Uma honestidade que beira a castidade
Mas não ouvi essas almas juvenis dizendo que queriam
Acho que ouvi no fundo uma vontade de errar
Pois a liberdade nos é passada como erro
Não podem escolher por nós
Querem cortar nossas asas
E não querem orientar nosso voo
Não nos conhecem e nem sabem quem são
Por vezes nos chamam de rebeldes
Mas tenho certeza que preferimos essa suposta rebeldia
À uma vida inteira de coerção.

                           Ísis Caldeira Prates

Notas de um velho solitário

Já estava anoitecendo
Meu rádio velho tocava música clássica
Nessa tarde não bebi como de costume
Fiquei ali, apenas observando o crepúsculo
O dia acabando, o sol se pondo
Por incrível que pareça
A melancolia não tinha a ver com paixões
Eu apenas tinha percebido em um momento de lucidez
Que estava velho e que como o sol, eu estava me pondo.


                          Ísis Caldeira Prates 


Aos que machucam os outros, meus pêsames

Eu procurei abrir meus olhos
Para poder ver as estrelas
Mas as palavras me impediram
De enxergar a infinitude
Palavras duras, palavras frias
Nessas palavras eu pensei por dias
Elas doeram por semanas
E mataram um pouco de mim
Mas ainda assim, fiquei melhor
Estava aliviada por não ser eu a agressora.

                Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Espero que me sinta

Tão perto agora...
Vou te ver
Vê se não vai embora
Antes que eu prove
Tudo de você
Faz algum tempo
Mas teu gosto
Ainda vivo, instalou-se em mim
E que desatino o meu
Te deixar ficar tão perto
E foi mesmo assim
Sem mais nem menos
Apareceu para mim
Eu abri a porta
E se preciso, abro de novo
Gosto do seu jeito
Talvez me traga paz
Ou mesmo desmantelo
Desde aquele dia
Só o que sei
É que todas as noites
Mesmo longe
Eu dormi com você.

                        Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Lola amarga

-Ei Lola, eu durmo confortável com três travesseiros!

-Ah estúpida, o nome disso é solidão.

                     Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O último poema que faço para ele

Volta e meia as lembranças dele perturbam-me
As marcas dele foram profundas
Mas é hora de partir
É hora de dizer adeus
Imaginava que esse adeus seria triste
Mas sinto como uma emancipação
Desprendo-me dele e também da ingenuidade
Desprendo-me da infância e da pureza
Desprendo-me daqueles olhos castanhos
Que me norteavam
O adeus mostra-me o mundo das opções
O mundo das descobertas
Acho que ele era uma zona de conforto
Que minha mente criou para eu me sentir segura
Mas foi amor também
Um amor pela pureza das sensações
Mas foram esperas demais
Expectativas demais
Por quem nada podia me dar
Mesmo assim não tenho arrependimentos
Eu o amei muito
Mas me libertar foi mais bonito
Foi mais digno comigo mesma
Acho que era isso que faltava entre nós dois
Minha dignidade intacta e minha sanidade mental.


                                      Ísis Caldeira Prates


                       

Anatomicamente sua

Meu corpo quer você
Por unanimidade dos meus órgãos,
Membros e glândulas
Meu corpo precisa-te
Ele viabiliza pelas minhas veias
Toda a substância que contém você
Meu corpo te procura
Pensa sentir teu cheiro nos lugares que passa
Meu corpo guarda na memória
Todas as suas imagens
Meu corpo guarda na boca o teu gosto
E guarda nos meus olhos os devaneios cheios de ti
Meu corpo libera adrenalina ao te ver
E endorfina depois de todo o prazer de te ter
Minha retina está viciada
Acompanha seus movimentos com destreza 
Meu corpo usa minha mente com covardia
Direciona ela totalmente para você.


                              Ísis Caldeira Prates

sábado, 9 de novembro de 2013

Fale de amor comigo

Essa visão do espaço entristece-me
Porque sinto sua falta
Quase posso ouvir teu sussuro no meu ouvido
Seus suspiros de quero mais
E eu ainda nem estou convencida...
É uma tortura pensar em ti
Tão longe... E pior, às vezes distante de alma
Queria poder entender seus pensamentos
Sinto-me insegura, te sinto inseguro também
Necessito dos seus carinhos
Desculpe, mas eu sou assim
Privar-me de olhar nos olhos
É como me tirar a luz
Espero que tenhamos tempo para nos sentirmos
Espero ser algo bom para você
Espero que se lembre de mim e sorria
Porque os seus sorrisos me dirão se vai ficar.

                          Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Agora cabem-me sensibilidades

Um dia acordei
E meus vestidos caros não me cabiam mais
Couberam apenas meus jeans velhos
E minha blusa descosturada
Por um momento senti falta da beleza de meus vestidos
E dos olhares que os acompanhavam
Mas descobri que minhas roupas simples
Eram acompanhadas por corações
Eu não tinha beleza, mas sim o belo.

                          Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O inteiro é preciso

Meias verdades
Meias palavras
Meias dúvidas
Meias amadas
Meias sujas
Meias caladas
Meias falantes
Meias mentiras
Meias molhadas
Meias secas
Meias vazias
Meias as mesmas
Meias vidas
Meias destinadas
Meias vândalas
Meias beijadas
Meias frias
Meias vivas
Meias almadas
Meias sem valor
.
.
.
Meias só cabem nos pés!


                        Ísis Caldeira Prates

Deficiências de amor

Posso ver minha solidão nos ponteiros do relógio
Hora que passa lenta e incômoda
Tem uma goteira sobre minha cama
Pinga o dia todo no meu rosto
Parece mostrar-me o quão só eu sou
Sinto que meu chão está em processo erosivo
E já faz tempo...
O tempo tem calado-me a boca
E feito queimar meu coração, está em cinzas
Eu às vezes tento buscar em outros olhos abrigo
Mas não há alívio nos lares alheios
As feras rugem e estremecem minha alma
Eu tenho calado-me perante os meus erros
Isso é ruim, é preciso rebobinar
Tenho percebido que o fardo nas minhas costas
Não é o mundo, são os meus equívocos
Essa tendência ao escuro me assusta
O que me falta mesmo é amor.


                                Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Minha busca apenas começou

Eu não bebo, mas preciso estar embriagada
Por qualquer outra coisa
Meu papel por si só já é bêbado
Me leva aos pensamentos alucinógenos
Que nenhuma outra droga me levaria
Mostra meu Superego
Destrói meu ID
Ah Freud, será que consegui?
Toda sórdida, toda lama, toda pó
Transformei-me no meu próprio pó
Então não me cheire, posso viciar-te
Meu papel é a abelha que espalha meu pólen
Divulga minha embriaguez
Mas não me importo com o que pensam
Não se trata de negócios
Trata-se de arte abstrata
Eu sei que sou um quadro difícil de decifrar
Entenda por si só, tire suas conclusões
Por mais que não esteja certo
Eu vou estar na sua mente
Nos seus pontos de interrogação
Uma lembrança viva
E o que isso quer dizer?
Eu não sei, talvez eu deixe marcas
Espero que diferentes das que deixaram em mim.


                         Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Reencontro florido

Já é novembro, e ainda me lembro
Lembro de ti
Já é perto, mesmo assim incerto
Será que vai sorrir?
Ainda se lembra dos meus lábios pedintes?
Eles continuam assim
Sabe, às vezes é difícil ficar longe
Ainda nem sei o por quê de ser você
Não fizeste nada, a não ser beijar-me
Mas beijo é coisa para se guardar
É intimidade de alma
É a porta para o coração
Beijo é chocolate quente no inverno
É picolé gelado no verão
Beijo que deixa saudade vira outono
Passa o inverno
E quando os lábios de novo se cruzam
Ah... É primavera ardente que chega
Espero ser o seu mais quente e ensolarado verão.


                            Ísis Caldeira Prates


                             

Vespa

Dois pares de asas
Para o voo revigorante
O cheiro das flores
Um vício constante
Um ferrão que fura a alma
Veneno oscilante
Atenta aos predadores
Sempre perseguida
Às vezes carnívora
Bom é o sabor do sangue
Tirado por um parasita
Vespa mutante
Carrega o pólen
E sua arma cortante
Por essas e outras
Assim me chamo, Vespa.


                          Ísis Caldeira Prates

domingo, 3 de novembro de 2013

Não se encante por poesias

É que poeta tem disso, sabe?
Isso de ser exagerado
Dramático ou romântico demais
É uma sinceridade perigosa
Muitas vezes falsa
Por ser poeta eu te digo
Cuidado com as palavras
Principalmente as que não são suas
Palavras são enganosas
Palavras são vazias
Mentir é humano
Mentir para si mesmo, mais ainda.

                       Ísis Caldeira Prates

sábado, 2 de novembro de 2013

Permito-me ser eu, permito-me a felicidade de uma alma fluida e presente

Só me perdoa...
É que às vezes eu sou meio doida assim mesmo
Meio dramática e exagerada e confusa
Muito ou pouco, oito ou oitenta
Eu nunca soube o que era "em cima do muro"
E pretendo não saber
Por mais que as tempestades me esvaziem
Eu continuo aqui e eu me encho de novo
Eu estou viva, eu estou vivendo
Se não deu, já era, já foi
Se deu, estou aqui, vamos juntos
Talvez eu assuste com essa sinceridade
Mas não dá pra mudar isso
Eu sou assim, sempre fui
Na maioria das vezes me ferro, eu sei...
Mas eu gosto de instantes infinitos
De sensações que transcendem a alma
Eu gosto do incerto, do frio na barriga
Eu gosto da espera, da adrenalina
Eu gosto de voar baixo
Já que não tenho asas para voar alto
Eu preciso dessa fuga da realidade
Ou eu explodo
Eu preciso sentir o invisível
Essa sim é a minha paixão
Sentir o que ninguém sentiu
Fazer quem está comigo sentir também
Quando você não se afasta
Quando você me procura
Eu sei que posso te dar o meu melhor
Eu aprecio a lealdade
Eu aprecio a firmeza de caráter
Eu aprecio ainda mais as pessoas que se permitem
Que deixam-se livres
Que sabem que essa liberdade um dia pode ser solidão
Mas por toda essa solidão
Um dia existiu vulcões em erupção
Amores apaixonados, sensações orgásmicas
Haverá lembranças nos dias solitários
Lembranças que trarão plenitude
Lindo é olhar para trás e sorrir
Chegamos bem ao fim
Para todo fim, um recomeço.


                         Ísis Caldeira Prates

Puramente eu, puramente nosso...

Eu tenho uma coisa para te dizer
Ou talvez para me dizer
Eu estou disposta a errar
Errar feio com você
Eu estou disposta a bancar a idiota
Estou disposta a me perder de verdade
Estou disposta a me machucar muito
Quero que saiba que estou disposta a tudo
Tudo que seja com você
Já cansei de sentir medo nessa droga de vida
E se eu posso escolher entre a droga da vida e você
É você que eu escolho
Eu não ligo para o certo e o errado
Que se dane os outros
Que seja breve ou eterno
Que seja estupidez ou verdade
Que seja o que for
Mas que seja intenso
E que nós possamos nos dar
Todo o amor que ainda nos resta
Quero te dar todo amor que a vida
Ainda não me tomou
Então vem Anjo
Vem logo, porque meu corpo quer o seu
Eu te disse, você sabe, eu disse
Você é mais que desejo
Você foi o melhor erro meu.

Segura minha mão, vamos ver um filme...


                                   Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Morrei na praia

Ponho os meus olhos em você
Para poder me enxergar
Ver meu reflexo em seus olhos
É como surfar nas ondas do mar
As ondas gigantes do Caribe
Me dão medo de me afogar
Se eu me afogar em você
Não terei salva vidas
Vou ficar para sempre ali
Flutuando sem acordar.

                   Ísis Caldeira Prates

Literal

Sou só mais uma garota solitária
No meio da multidão
Só mais uma que passa distraída
Paralela com a metaforização
Mentalmente eu me acho
Sem crime ou religião
Taciturna e noturna
Eu sou só alguém que mora
Na casa da emancipação.

                    Ísis Caldeira Prates

Não Lola! Eles vão machucar-te outra vez...!

-Ei Lola, sinto falta do seu sorriso sincero e do seu olhar amigo. Eu posso ajudar-te?

- Se antes mostrar-me o mundo, sim, porque no dia que eu já tiver visto tudo o que as pessoas são capazes de fazer, eu serei inocente outra vez.

Por baixo da lama

Tapei os espelhos de minha casa
Tento fugir da dor
Distrair-me com palhaços de rua
Estes tristes palhaços
Que andaram em mim
Minha bandeira branca já hasteada
Não condiz com meu estado
Tenho andado melancólica
Tenho rastejado
Inícios infinitos
Histórias sem fim
Apego-me às pontes
Mas quebram-nas
E deixaram os entulhos aqui
Já faço parte desse entulho
Ouço até o barulho das máquinas
Que vem limpar a podridão.
                           Ísis Caldeira Prates
                       

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Chamem pequeninos! Alguém há de escutá-los...

Água pouca ou quase nada
Comida rala e enlameada
Seios secos, leite roubado
Crianças que choram
Na esperança de um afago
O Senhor do mundo rouba-os
O Senhor desalmado acusa-os
Esquecidos no tempo
Histórias tristes e solitárias
Eles já não pedem mais
Suas palavras perdem-se
Perante o Senhor
O Senhor dos abastados
Continua à comandá-los
E os miúdos pequeninos
São esmagados
Apesar de tudo
Vejo olhos esperançosos
Eles esperam sofridos
Pelo Senhor do céu
Se houver paraíso
Eles pedirão um abrigo
Mas cansaram-se tanto de pedir
Que apenas esperam piedade de outrem.


                            Ísis Caldeira Prates

És tudo, Bonita!

Bonita! Vem dançar comigo!
Dançar com essa saia rodada
E esses cabelos esvoaçantes
Bonita! Mostra-me seu gosto
Mostra-me seu rosto, tira esse véu
Bonita! Você é autêntica
Não se amedronte em mostrar-se
És azul celeste com gotas pretas
És amor de partida
És pura sensação
Atento-me aos seus anseios
Quero fazer-te ficar
Mas és pássaro que voa
És peixe a nadar
Sei que vai para longe
Só quero que mande-me seus endereços
Onde quer que esteja, irei te encontrar.


                              Ísis Caldeira Prates

Você deixa?

Eu quero beijar-te até meus lábios arderem
Eu quero abraçar-te até meus braços terem câimbras
Eu quero ser seu vício
Seu bem e o seu mau
Quero quebrar seus tabus
Mostrar-te as minhas leis
Quero ser seu refúgio
Seu esconderijo e seu abismo
Quero-te exposto a mim
Seu sorriso constante
Seus olhos atentos e felizes
Suas mordidas e fissuras
Eu mostro-te o céu se permitir-me
Serei suas estrelas, seu sol e sua escuridão.


                               Ísis Caldeira Prates

Ela é sonhadora! Ela é alma boa!

Oh Jesus! O que irei fazer?
Se tudo o que quero é crescer?
Caminhar por mim
Já chega de andadores
E protecionismo exacerbado
Sei que irei apanhar da vida
Mas ela existe para ser vivida
Abstratizarei meus erros
Pintarei eles em telas
Farei arte!
Para todo quadro escuro,
Um outro em sorriso
Sorriso de liberdade
Sem culpa ou silêncio em solidão
Darei cambalhotas serenas
Segurarei mãos quentes
Me desamarrarei dos pesos
De uma vida mal vivida.


                                 Ísis Caldeira Prates



Deixa ela brilhar!

Mamãe disse que era pecado
Tapei os ouvidos
Triste, sorri
Caí em mim
Escolhas minhas
Ajusto em mim
Questões diretas
Figuras sórdidas
Não fale, mamãe!
Deixa eu dizer
Deixa eu fazer
O que eu desejar
Desejo é laço
Que não se pode quebrar
Desejo é anexo
Que é salvo sem perguntar
E não tem santo que faz parar
Desejo realizado é satisfação
Prazer enjaulado é opressão!


                             Ísis Caldeira Prates

Pétala ao vento

Estrangeira, extraviada, alada

Costureira, descosturada, embriagada

Forasteira, cabocla, desalmada

Fruteira, agueira, mulata

Bandida, apaixonada, traficada

Montanhosa, cordilheira, traspassada

Belicosa, feiticeira, desgramada

Mulher, amante, estabelecida

Forte, frágil, amor

Beleza viciada, recorte fatal, charme visceral.


                                            Ísis Caldeira Prates

Quem matou-te Lola?

-Acorda Lola! Temos que sair! Temos um mundo para explorar! Somos aventureiras esqueceu?

-Sim, esqueci. Aliás, o que é "aventureiras"?


                               Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Eu quero ser a ovelha negra

Estou tentando me convencer
De que eu posso ser quem eu quiser
Mas não é tão simples
Em um minuto eu sou ovelha desgarrada
No outro eu sou a doce e recatada moça
Sufoca-me todo esse pudor que nos é passado
Amarra-me no mesmo lugar
Quando tudo que eu quero é sair
E experienciar a vida
Existe uma falsa liberdade de nossos corpos
No fundo, estamos presos aos velhos conceitos
Ainda temos tribunais da aquisição
E as bruxas ainda são queimadas nas fogueiras
Nossos desejos são filtrados
E nós nos sentimos incapazes
Sem saber o por quê
Eu sei que estou amarrada
Mas não consigo me soltar totalmente
No máximo, uma mão na fechadura
Da cela da prisão.

                      Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Já chega de borboletas mortas

Destoa-me esse defeito de acreditar
Às vezes queria ser fria
Distante e desapegada
Porque eu sempre tropeço no fim
Tropeço e dou de cara no chão
E demoro a me levantar
Prefiro ficar deitada
Porque levantar implica
Na possibilidade de cair de novo
E de tantas quedas
Já estou meio torta
Ossos que colaram errado
Feridas que infeccionaram
Pontos que soltaram
Típico saco de pancadas
Mas eu sei, a culpa é minha
Sou eu que deixo tudo isso
Sou eu a boba
Sou eu a avoada
Que se entrega de vez
"Bobagem... O tempo cura"
Cura não, porque não curou essa sua hipocrisia.

                     Ísis Caldeira Prates

                        
     
                    
                        

Por entre nossos corpos errantes

São armas e rosas em nossas mãos
Vivemos em uma guerra infernal
Iludidos por uma paixão áspera
Precisamos de um pouco de sal
Diabéticos por natureza
O doce passa de leve
Seu gosto azedo em minha boca
Faz-me querer mais
Somos contrários à etiqueta
Cotovelos à mesa
Olhos secos de discórdia atemporal
Misturo-me a você, como carne e sal
Cometemos assim canibalismo
Deixamos marcas de abismos
Nossa virtude, meras frases banais
Preciso de todo esse fel
Quase doente por querer
Você me desespera
Mas não se cansa de me ver
Abraço-te entre unhas
E sangro-te no fim
Seus olhos tristes ainda assim pedem por mim.


                            Ísis Caldeira Prates

Andarilha

Ponho meus braços à sua volta
Meu coração rebelde quer expulsar-te
Mas meu corpo pede você
Invento desculpas para ficar
Blindo meus olhos aos seus erros
Estou trapaceando comigo mesma
Eu não me importo, se tua boca estiver na minha
Um dia você me pediu para ficar
Esse seu charme proibido queima meu ego
Preciso experimentar-te
Eu sei que caminho por labirintos
Mas meus caminhos são seus
E até que me devolva
Eu caminharei por cada ponto seu
Desfrutarei de cada viagem
À pé, descalça, despida
Do jeito que for...
Mas que seja!


                          Ísis Caldeira Prates

Bicos colados

Eu escolhi ficar no seu ninho
E não adianta que outros passarinhos
Tentem me convencer à bater minhas asas
E ir embora
E vou ficar, esse é o meu ninho agora
Se for para voar, que voemos juntos
Incrível seria planar com você
Debaixo do arco-íris ao sol
Deixar o vento percorrer nossas asas
Eu vejo pássaros indo para o sul
Eles creem que tem liberdade
Mas livre sou eu, somos nós
Escolhemos permanecer juntos
Então nos libertamos do medo de sermos felizes.


                               Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Apreciadora da liberdade coagida pela educação

Quebraram minhas asas
E eu não posso mais tocar o céu
Minha mente não é tão brilhante
A ponto de criar invenções
Deito-me na terra e aprecio a imensidão
Não só quebraram minhas asas
Mas tiraram a minha imaginação.

                         Ísis Caldeira Prates

Náufragos

Pouco pão, para muita alma
Muita alma, para pouco espaço
Muitos espaços vazios, para poucos corpos
E tudo vai sumindo, vai perecendo
E tudo vai se perdendo nos ecos
Nas ondas, na poesia, no caos
Aprontem-se marinheiros!
O navio já vai sair
Pode ser que não voltemos
Dos perigos do alto mar.


                          Ísis Caldeira Prates


Aventureiros no portão

Ah meu bem,
As minhas portas sempre estarão abertas
E as pessoas poderão sempre transitar
Prefiro sentir as dores da partida
Do que fechar as portas para os sentimentos

Porque eu sei que um dia alguém pode gostar de ficar
E justamente porque as portas estão abertas
Não é prisão, mas um coração aberto
Com muito amor para doar.

                         Ísis Caldeira Prates

Inundação

Vejo relâmpagos no céu
Lá vem as nuvens cinzas
Que escurecem meu ser
A chuva começa como neblina
Depois vem a tempestade
O furacão
E eu no meio sem abrigo
Sem uma marquise
Para eu não me molhar
Não tem jeito
Eu sempre me molho
A água sempre vem
São minhas próprias lágrimas
E soluços, meu bem
Talvez um dia eu seque
Mas esse é meu maior medo
Não ter mais água para me lavar.

                       Ísis Caldeira Prates

Levou de mim

Então a vida me tirou muitas coisas
Coisas que eu não queria devolver
Coisas que eu nem aproveitei
Coisas que eu nem provei
A vida quis me ensinar
Que nada é nosso
Tudo é da vida
E quando ela resolve levar
Ah... Tenha certeza de que vai doer.

                     Ísis Caldeira Prates

sábado, 19 de outubro de 2013

Catastrófica

Entende minhas palavras?
E as embutidas?
Entende tudo o que há em mim?
Já viu todo lixo debaixo do tapete?
E os sacos de lágrimas no portão?
Cuidado quando achar que me tem
Porque eu sou estrela distante
Meu brilho é belo
Mas um dia eu explodo
E os estilhaços te atingirão
Não com crueldade
Mas sentirá saudade
Até de todo o meu lixão.

                 Ísis Caldeira Prates

Ah, eu sabia...

Nestas noites silenciosas
Fico pensando
Até onde posso perder-me
Até onde vão os riscos
Mas eu tenho vontade de ficar
Imagino por bem e por mau
Minha mente alerta
O que meu coração abafa
Meus sentimentos são indeterminados
Frágeis cristais em pó
Não quero que o vento leve outra vez
Mas eu continuo criando armadilhas
E meu maior erro sempre será gostar de ficar.

                      Ísis Caldeira Prates

Que venham os dias ensolarados

Esse silêncio me agride
Vem como um cataclisma
Muda minhas opiniões
Desajusta o desajustado
Esconde meu desejo

Cabe muito em mim ainda
Cabe quase nada
Cabe o mundo em mim ainda
Cabe apenas minha estrada

Ah, alma mal amada
Castiga minhas vistas
Deixa-me transtornada

Caminharei mais um cadinho
Até meus pés se cansarem
Buscarei mais um pouquinho
Até que todas as lágrimas
Sejam enxugadas

                         Ísis Caldeira Prates

A cada batida

Coração é traiçoeiro
Bate e te engana que você está vivo
Bombeia vida encharcada de toxinas
Nas veias
Desperdiça energia
Dá pane quando você mais precisa
Coração é traiçoeiro
Se vinga e causa infarto
Te deixa sem ar
Coração te tira a vida
E te entrega ao medo de amar.

                      Ísis Caldeira Prates

De janeiro a janeiro

Esperarei seus passos na areia
Às vezes atrapalhados
Esperarei seus cabelos dourados
Esperarei seus lábios cheios de súplica
Esperarei seus abraços
Seus laços, apertos e respirações
Esperarei sua busca, seus afagos
Toda a sua doçura
Cobertos por doce amargo de distância
Corpos que se procuram por aí
Esperarei seus defeitos, sua loucura
Esperarei seus orgulhos e egoísmos
Esperarei até seus vazios
Esperarei tudo
Você e mais você
Esperarei até te ver
Então, esperarei te ter
O que será depois?
Ah meu bem, espera para ver.

                               Ísis Caldeira Prates

                          

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Dama da noite

Deitada em sua cama
Tão solteira como ela
Despida e solta
Natural em natureza
Curvas que levam
A caminhos obsoletos
À espera de aventureiros
Faminta de emoções
De sorrisos às cegas
Porque enxergar demais cansa
Enjoa
Seus labirintos são eternos
Curvas sem pudor
Sem dimensão
Curvas que perdem-se de vista no espaço
Pés descalços e mãos livres
Liberdade alcançada
E apreciada por ela
Cada instante uma renúncia
Cada escolha uma vida
Cada toque um arrepio
Vibrações que movem uma nação
Seu som roda o mundo
Ela é e não é
Ela está e não está
Entrega e recompensa
Ela é transviada
Ela é bandida
Ela é liberdade vivida.

                               Ísis Caldeira Prates

                                     




Mais uma na roda

Quis pintar as telas em branco
Mas apenas fiz rabiscos
Algumas ondas, alguns círculos
Tantos nadas e vazios
Buracos negros sugando vida
No centro sem ponto
Vírgulas e vírgulas
Telas desambientadas
Telas frias
Ah, pintarei com sangue
E ficará pintado com tudo que há em mim
Meu DNA explícito
Tão artístico e excêntrico
Adoradora da arte sombria
Barroca simbolista
Ou apenas poeta
Poeta de apartamento
Poeta por abuso
Poeta da vida
O que vi dela ninguém cura.

                               Ísis Caldeira Prates

Entregue aos seus caprichos

Acendi meu último cigarro
E ela se foi
Minha última tragada
Como nossa última noite
Eu sabia que ela não voltaria
Não para os meus braços excluídos
Não sei de onde ela veio
Tão pouco onde a perdi
Só sei que ela era única
Marcante, sensual como ninguém era
A mulher dos sonhos
Que escorreu pelas minhas mãos
Que beijou minha boca e partiu
Pela primeira vez na vida
Encontrei uma mulher fria e calculista
Pôs-me de quatro
Amarrou-me em sua cama
E saiu sorrindo.

                                Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sobre ele e dele

Ele não é igual ou diferente
Não comparo ele com ninguém
Ele é apenas ele
Exatamente ele
E é assim que ele me faz bem
Acho divertido seu gosto tradicional
E suas teses de vida
É encantador enquanto amante
E atraente em suas palavras
Ele não é cobrador de sentimentos
Ele não é tão sentimental
É natural
Mas é protetor
Ele ainda tem um ar de menino
E se acha bobão
Às vezes me pergunto
Onde ele me viu
Aliás, onde ele me enxergou
Porque de mim ele consegue extrair quase tudo
Mesmo que às vezes inseguro de si
Não sabe ele da minha inconstância
Da minha alma medrosa
Dos meus defeitos e afins
Preocupação não combina com ele
E é isso que me liga assim
Não temos rótulos ou nomes
Nem amor que consome
Ele se recria pra mim
Ele gosta dos meus detalhes
Tudo incluso
E é isso que me faz ficar
Ele me deixa à vontade
Com ele eu sou quem eu sou
Eu gosto do nosso imprevisível
Nada certo, sem porém
Nada de eterno, tudo em instantes
Marcados por cafés quentes.

  
                                 Ísis Caldeira Prates
           

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ela é insubstituível

Já tive fase
De me sentir feia
De olhar no espelho e ficar deprimida
Já tive fase de me sentir só
Como se ninguém fosse me amar
Já tive fase de insegurança
De drama, de chatice
Já tive fase de me preocupar com tudo
Com os outros, com o mundo
Já tive fase de me achar desinteressante
Invisível, sem graça
Já tive fase de não me achar boa o bastante
Hoje minha fase chama-se: "me amo"
Sem medo de me amar
Sem medo de me testar
Sem medo de me sentir mulher
Minha liberdade eu mesma faço
Os outros são os outros
Minha essência é belíssima
Não é do mundo, é minha
Hoje eu não tenho medo de mim
Não tenho medo do viver
Não tenho medo de amadurecer
Hoje eu me tenho
Eu me agrado
Eu me faço insubstituível
Hoje eu vejo a sorte do cara que me amar
E que saberá me manter com ele
Porque uma mulher como eu
Não se encontra na Terra, mas em outro planeta

                                 Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Por entre minhas paredes

Eu quero me entregar aos seus braços
Deitar na sua cama e sorrir para você
Quero fechar meus olhos
Sentindo você por inteiro
E suas carícias intensas
Quero acordar com o sol nas cortinas
Não quero mais sentir-me sozinha
Então esteja lá quando eu acordar
Não sei viver de saudade
Minha carência não pode ser alimentada
Quero seus olhos perdidos nos meus
Entre nossos sorrisos inocentes
Mantenha-me intacta
Não deixe que a chuva faça rachaduras
Ou que nos desgaste
Quero ficar alerta
Com os sentidos profundos em ti
Quero-te por todos os lados da casa
Passeando descalço
Descontraído
Sem vergonha de mim
Vamos rir das minhas piadas bobas
E dançar juntos pela sala
Tudo bem, eu posso te ensinar
Vou permitir-me dessa vez
Não estou com medo de errar
Engraçado como eu quebrei minhas regras
Só para poder te encontrar
As tardes vazias não virão ao meu lar.

                                   Ísis Caldeira Prates

domingo, 13 de outubro de 2013

As três palavras

Se eu te chamar você vem?
Eu te tenho e você me tem também?
O que passa dentro de nós?
O que passa entre nós?
Já tem um tempo que me pergunto
Devo continuar? Devo me apegar?
Porque não quero chuva de verão
Quero o calor do sol
E todas as suas roupas no chão
Eu não sei ser mais ou menos
Meu defeito
E agora Deus?
Eu tô mais que avoada
Eu tô mais que distraída
Meus pensamentos longe
E até quem me vê passar na rua
Sabe que eu tô na sua
Ó céus! O que há de ser?
Se os caminhos me levam a você
E tudo que vejo e ouço me lembra você
Eu nunca fui muito boa com essas coisas de gostar
Meu cupido sempre foi meio tonto
Mas parece que você caiu do céu
Só tem seu nome no meu papel
E agora Deus?
Eu quero falar pra ele
Mas falar o que?
E cadê minha coragem?
Ah, que poeta que não sabe se expressar?
Quero dizer aquelas palavras
Mas e ele? O que ele vai pensar?
Eu falo ou me calo?
Ah, mas que boba!
Eu acho que desaprendi a amar...

       
                            Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Defeito noturno

A noite atrai todos os fatos
Todas as memórias e angústias
Quando fecho as cortinas
Parece que fecho-me também
No meu próprio mundo
Às vezes ele me pergunta
O por quê que eu durmo tarde
Eu invento qualquer coisa
Mas é que eu não consigo dormir
Com tantos pensamentos
E aflições em minha cabeça
De dia as pessoas fazem-me companhia
Mas à noite, estou só
Defronte para mim
Não tenho mais para onde correr
Quem dirá para os seus braços
Até meu choro é solitário
Noite fria, noite bandida
Rouba-me a esperança
E me cala na manhã vazia.
                          
                        Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Desencarnada

Descalça, um passo após o outro
Escuro, intocável
Ouço o barulho dos grilhões
Procuro a chave entre os vultos
Tem algo que me perturba
Ando como um sonar
As imagens não me são estranhas
Estou no passado, presente e futuro
Em todos os lugares, ecoando pela eternidade
Repito falas e ações, acordo em uma ilha deserta
Sem memória
Recomeço, mas ainda perturbada
Meus olhos vermelhos, insônia
Não há medo, mas ausência
Espaços vagos que não se ligam
Os segredos não me revelam
Há um peso em minha mente
Um martelo que bate no mesmo prego
Vejo os que não estão, sinto os que vão
Estou na linha entre os dois mundos
Eu não sou como eles
E não me conhecerão, eles não me conhecerão.


                                 Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Suas asas me levam ao paraíso

Anjo, quero te contar umas coisas
Fez-me experienciar as mais belas sensações
Percorreu em mim o mundo
Agitou meu caos e revirou minha razão
Fez-me segura, capaz de explorar-me
Sinto-me inteira e infinita
Agora nossos pensamentos ecoam pelo paraíso
Nosso secreto lar
Envolveu-me em ardências e levezas
Quero despi-lo de corpo e alma
Exaltada por suas lindas mãos
Seus lábios como um abrigo me revivem
E me matam quando me deixam
Quero ocupar seus espaços e te deitar no chão
Talvez olhemos  para as estrelas e apreciaremos a escuridão
Nossas roupas amassadas como sinônimo de perdão
Posso morar no teu sorriso e fazer-te feliz
Por enquanto, só ouço o som de nossa respiração
Quero você o quanto você me queira
E não espero recompensas
O futuro não nos pertence
Mas o meu presente eu quero que seja com você
Me leve de volta ao paraíso, Anjo.

                               Ísis Caldeira Prates

sábado, 5 de outubro de 2013

Efeitos colaterais

Não quero lhe falar
Sobre a minha esquizofrenia crônica
Porque eu vou e volto no fim
Porque eu começo a prever dores
E esqueço os amores que me doeram
Minhas lembranças por vezes são esquecidas
No espaço há sombras e vozes
Apertos de mãos vazias
Escadas que descem
Eu perco os sentidos e flutuo
Em uma água fria
Chego a ter dormência
Então transformo-me em poesia
Faço da minha insanidade a minha arte
Porque meus papéis vieram de árvores
E eu vim de uma sinfonia.


                           Ísis Caldeira Prates

Súbita

Meus versos me distanciam do caos
Meu eterno caos, meu ócio
Escrevo meus detalhes
Meus críticos detalhes
Mostro-me forte e frágil
Em instantes fugazes
Apaixono-me por fim
Por líquidos desformados
Um sentimento intelectual
Metamorfizado pelas lágrimas
Minhas paredes descascam sua tinta
E eu pinto-as todos os dias
Ultimamente elas tem sido pintadas
Não por mim.


                             Ísis Caldeira Prates

Simbólica

As minhas asas angelicais me levaram ao céu
Voaram penas alvas e sutis
No meu delicado sonho juvenil
Encontrei cores mádidas
Distúrbio fluido e claro
Nobres são as noites alucinógenas
Transcendo minha fonte
Onde giram  luzes fortes
Apazíguo meu inconsciente
Delibero minha essência
Poeira cósmica transcendente
Faço uma viajem ao hiperespaço
Viajem sem volta
Acordo calada.

                                 Ísis Caldeira Prates

 

Quero te ver

Já fiz tanta poesia hoje
Tanto rascunho na lata de lixo
E eu ainda não sei o que escrever para você
Só sei que o que eu estou sentindo é saudade
Está deixando-me maluca não te ver
Porque é como se você saísse todos os dias
E não tivesse como voltar para mim
E mesmo que nós nos falamos
Ainda não preenche-me os espaços vazios.


                               Ísis Caldeira Prates

Siga-me

O vento brinca com os cabelos dela
E espalha seu perfume suave e autêntico
Ela acredita na intensidade de seus atos
E na leveza de suas confissões
Porque para tudo na vida tem que ter preliminares
Tudo deve ser aproveitado
Nada melhor que perder a hora
Em momentos bons
Nada melhor que um olhar de cumplicidade
E um sorriso inocente
Nada melhor que auto-conhecimento
E amor próprio
Nada melhor que frio na barriga
E abraços que fazem fechar os olhos
Nada melhor que saudade retribuída
Que amor bem amado
Que tristezas consoladas
E pranto acalentado
Nada melhor que valores bem construídos
E fidelidade aos sentimentos
Nada melhor do que ter alguém que é o seu melhor.

                            Ísis Caldeira Prates

Para eles...

Eu sou uma jogadora nata
Quando ver os meus olhos inflamados
Não faça hora ou charminho
Se te dou sinal verde, avance
Não tenho um tempo infinito
Toda mulher tem seus desejos sórdidos
Toda mulher gosta de ser bem saciada
Também gostamos de encontros casuais
E de sensações censuráveis

Não tem desculpas se realmente queremos
E existe sim, mulher que sabe diferenciar
Amor de desejo
Não tornem-se repulsivos, mas atrativos
Nada mais excitante do que um homem
Que sabe como balancear delicadeza e pegada

Mãos dadas não significa compromisso
Homem que tem medo de compromisso
É inseguro
Mulheres também entendem da arte do desapego
Nada mais maçante do que uma mulher chiclete
Mas nada mais terrível do que uma mulher insensível.

                                       Ísis Caldeira Prates






sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A pele dos gladiadores

Visto minha pele hoje
Uma armadura
Com marcas de batalha
Estou cansada dessa mesma roupa
Então eu maqueio as marcas que não quero ver
Os outros também não veem
Uma estupidez a minha
Eles não veem, por isso machucam-me outra vez.

                   Ísis Caldeira Prates

Conversando com a dor

Frente a frente com ela
Não pude me conter
Perguntei o por quê das visitas frequentes
Ela me olhou fria
Parecia me achar idiota
E me disse por fim
"Eu não te visito, está é a minha casa".

                   Ísis Caldeira Prates

O tempo dos velhos

O tempo passou
E por vezes deixou-me iludida
O tempo me deu fome
Deixou-me em outro mundo
O tempo tirou-me o instinto
E deu-me a razão
Assim, mentiu mais uma vez
Porque eu caí em contradição
O tempo fez-me procurar outros lares
Lares estes, nada sãos
Embriagada por golpes sujos
Esmaguei minha exatidão
O tempo não curou nada
Fiquei velha, fiquei louca
Casualmente eu me deito no chão.

                                 Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Quero você agora

Hoje eu queria escrever alguma coisa sobre nós dois
Qualquer coisa... Contanto que me lembre você
Mesmo que ainda estejamos meio perdidos
Mesmo que ainda não saibamos o que temos
Eu queria falar sobre você hoje
Porque me faz sorrir ouvir teu nome
E lembrar teu beijo
Me faz bem suas palavras quando nos falamos
Anseio ver-te outra vez

Não sei se devo sentir-me assim
Mas já dizem as poesias
"Deixe sentir, deixe amar, deixe ficar"
Senão for, não foi
E se for, aceito a companhia
Que tal um café quente?

                               Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ensaios de destruição

Eu sou a mãe árvore
E posso ouvir um novo choro
Um humano que nasce
Por que eles nascem chorando?
Talvez porque desde cedo já sabem que serão maus

As minhas folhas estão secando
A minha floresta está sombria
Nós sentimos frio nos espaços vagos
O vento solta um gemido de tristeza
Nossas crias estão morrendo
Enquanto mais humanos estão nascendo

Eles cobrem-se com nossas peles
Comem o nosso alimento e não dividem
Eles torturam-nos e sentem prazer com isso
E nós não mais sabemos como nos defender

Quando olho para os rios, não mais vejo água
Mas sangue de inocentes
A ganância nos olhos humanos nos assusta
As mães selvagens não tem mais onde esconder seus filhotes

A mãe Natureza já está cansada de adverti-los
Os humanos esqueceram suas origens
Filhos pródigos e inconsequentes
Eles matam-nos, porém esqueceram
Que também estão matando a si mesmos

Ainda assim, oramos ao Pai todas as noites
E pedimos que Deus perdoe-os
Não queremos que eles morram
Não queremos morrer...

                               Ísis Caldeira Prates



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sem tempo a perder

Então canta pra mim na minha festa
Aproveita e me sequestra
Esse nosso amor vagabundo
Esse nosso intenso mundo
Me faça gritar e depois sorrir
Envolvidos em beijos, sem regras
Politicamente incorretos
Eu me perco e me acho
Nós nos fazemos um
Enquanto você toca, eu danço
Enquanto você me morde os lábios
Eu piro, eu enlouqueço alta e nítida
Seus braços em um abraço
Me pegam firmes e suaves
Segura o meu cabelo e me beija o pescoço
Assim você me tem na sua mão
Assim eu te tenho
E quando você sai, tão moleque e tão menino
Eu até sinto falta
Mas não acredite em todas as minhas palavras
Porque eu não acredito em todas as suas
Perceba que você só me tem em instantes
Quando você vai embora eu recupero o meu amor por mim.
                         
                                    Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Altas horas

E esse meu desarrumado
Que não se arruma
Essas minhas preces infundadas
Esse meu desalento
Defeituosa e oblíqua
Meus olhos vertiginosos
Arrebatam os corações distraídos
Mas eles não sabem, eles não cabem
Se encontro-me alarmada por um desses
É porque eu quero de verdade
É porque eu sinto saudade
É porque me cabe
Ele deve aprender a me cuidar
Amar e conquistar todos os dias
Podem ter dias de desordem
De intolerância
Mas eu sou amável com quem me entende
Não prometo perfeição
Porém, prometo dias de verão inesquecíveis
Até tarde comigo nos lençóis aquecidos.

                         Ísis Caldeira Prates

Me deixa...

E hoje eu não estou bem
Estou procurando vazios plausíveis
Solidões exageradas e banais
Estou fria e leviana comigo mesma
Perpetuo essa espécie rara de pedintes
Estou pedindo amor a qualquer hora
Um colo, um sorriso, uma cura
Meu ópio já não preenche os espaços
Estou sujeita a reboque
Minhas tristezas convulsivas se espalham
E eu sou pura agonia
Estou vestida de fábulas rasas
Moral perdida
Equaciono-me, insolúvel
Hoje eu estou drama
Hoje eu estou caos
Hoje eu estou egoísta.

                           Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Faíscas e apelos

Ah! Se eu pudesse ler sua mente
E cantar todas as suas músicas
Ah! Se eu pudesse te tocar por inteiro
Sem medo ou censura
Se eu pudesse afagar seus cabelos
E afundar nos seus olhos da cor do oceano
Encontraria mil esconderijos, mil fugas
Para um universo paralelo
Onde almas se encontram
Se eu pudesse prever o futuro
Se eu pudesse não prever nada
Ainda me lembro de nós nas minhas distrações
Aprofunde-se em mim (em sentidos).

                               Ísis Caldeira Prates

Mostre-se sociedade

As ruas estão caladas
Vejo apenas sombras correrem entre as vielas
Estão escondendo-se, esgueirando-se como ratos
Nas rachaduras das paredes
Vejo que é sempre noite
Posso ver os vermes amontoando-se nas calçadas
E os parasitas fétidos soltando risos de horror
Eles passam uns entre os outros
Mas parece que não se veem
Estão todos com medo do amanhecer
Como vampiros que se escondem da luz
Porque a justiça aqui é paga
E as regras segregam
A doença se espalha como uma epidemia
Os zumbis voltam ao labor
E o sangue continua a escorrer para os bueiros
Eles não entendem que o sangue são suas próprias vidas.

                                  Ísis Caldeira Prates

Nossos encontros

Estava à noite na minha janela
Olhando para as estrelas
Elas perceberam minha áurea diferente
Elas me perguntaram se eu estava feliz
Eu respondi com um sorriso
E nós sorrimos em comunhão

O céu não é mais o limite queridas estrelas
Estou acesa e piscando luzes coloridas
Meus olhos luminosos e atraentes
Me emancipam da solidão
Não sinto-me mais carente
Sinto-me viva e leve outra vez

Encontre-me nas estrelas, anjo.

                                  Ísis Caldeira Prates 

Eu e ele

Está tudo bem, está tudo certo
Estou curtindo o momento
As conversas, as palavras bonitas
Às vezes pessoas aparecem do nada
De onde eu menos esperava
Surpresas boas, afinal
Eu costumava enlouquecer
Para entender meus sentimentos
Agora não mais
Aprendi com ele que o importante é sentir a brisa
Sem pressa, sem compromisso, sem pressão
É tudo questão de escolha
Escolhas que dão liberdade
Escolher ficar ou ir
Chorar ou sorrir
Escolher ou não
Ter nossa própria opinião
Ficar em cima do muro...E daí?
Temos que aprender a soltar os pássaros
Para que eles voltem, não construímos gaiolas
Mas plantamos árvores.

                               Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Morreremos amanhã

Morreremos amanhã
Descalços, despidos, cara lavada
Morreremos amanhã
Consumidos, aflitos, pagãos
Morreremos amanhã
Encabulados, baratinados e sem solução
Morreremos amanhã
Morrer não dói
A morte é como afundar em uma água escura
E continuar respirando
Para depois nascer na mesma água escura de uma placenta
Só o amor mostrará a luz

                         Ísis Caldeira Prates


Seus olhos carentes sem resposta

Estou dentro dos meus olhos
Posso ver gotas pingando sobre eles
Não há som, eu só vejo
Não ouço, não toco, não provo
Vejo tudo passar pela minha vida
Enxergo de dentro, uso apenas a visão
Mas estranhamente ela está ligada as minhas sensações
Então posso ver e sentir
Separo alguns problemas quase matemáticos
E vejo-os dessa forma
Um objeto a ser analisado
Uso minhas próprias fontes
Mas eu não sei do outro lado
E consumo-me, ataco-me, queimo-me
É só o que eu acho, o que eu posso deduzir
Mas nunca a resposta clara
Mato-me aos poucos
Pessoas são objetos sem solução.


                                  Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

No meu nevoeiro

As luzes continuam a piscar
Acho que ele despertou minha curiosidade
Meu nevoeiro está calado
Há tempos que isso não acontece
Só ouço o som da minha voz
E as imagens me seguem
Queria saber do outro lado
Como foi?
Eu disse, estou curiosa
Deixou-me uma boa impressão
Imprevisível é a resposta do meu corpo
Respondeu rápido e intenso
Falo de desejo
E estranhamente é mais interessante
Que sentimento
Por que não sentir outra vez?

                                   Ísis Caldeira Prates

                       

domingo, 15 de setembro de 2013

Um amante e um café quentes, por favor

Luzes piscam no meu nevoeiro
Despertaram minha Deusa
Feroz e arrebatadora
Sangue quente e ilegal
Amantes que beijam-se na noite fria
Em calor ficamos
Livres e sinceros
Aproveitamos a música noturna
Foram toques determinados
Olhares negros
Comum de dois
Sensações múltiplas
Enfim nos despedimos
Foi bom, será lembrado.

                       Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Na lembrança

Eu costumava ter medo de fantasmas
De gente morta
Até o dia que eu entendi
Que eles eram apenas minhas lembranças
E que as vozes, eram meu espírito
Trocando figurinhas comigo
Estranho pensar que um dia vou ser a lembrança de alguém
Que alguém vai ter medo de mim
Só espero que eu seja um fantasma conselheiro
Porque eu quero deixar uma parte minha nesse mundo.

                                       Ísis Caldeira Prates

Sobre mim

Eu quero ficar só
O que há de tão errado em estar só?
Eu gosto da minha companhia
Eu gosto de pertencer a mim
Eu gosto dos meus devaneios
E das minhas bobagens
Eu rio sozinha
Solitária e risonha
Olho no espelho e vejo vida
Estou viva e é isso que me importa
Gosto de ser complexa em minha simplicidade
Gosto de cantar errado as minhas músicas
E dançar sozinha pela casa
Não sou de imaginar pessoas
Mas sim lugares
Onde eu possa ir
Eu sou pura utopia
Mas não me engano em noites claras
Porque eu sou escurecida de natureza
Ás vezes tenho medo do meu próprio escuro
Mas eu converso comigo mesma
Acabo por resolver meus problemas
Meus lábios são labirintos
Um caminho para chegar em minha alma
Por isso, não aceito malandragem
Isso eu faço por mim
Me disseram que eu era reservada
Que erro
Eu nunca estive reservada por ninguém
Aliás, eu não sou de ninguém
Eu faço meu próprio caminho
Eu me crio e recrio
Como a dança das borboletas
Eu faço partos todos os dias
E nasço e renasço
Não precisaria nem crer em outras vidas
Pois já vivo inúmeras em uma só
Não quero ser plena
Pois eu já conheço minhas faces
E cada pedaço meu me faz quem eu sou
Eu gosto do meu desarrumado
Das minhas sensações
Eu me gosto
Não quero alguém que me complete, não preciso
Nem sei se quero alguém
Porque é difícil me ter
Aliás, só eu me tenho
Não preciso sair do meu quarto para ver o mundo
Eu tenho oxigênio aqui
É o gás para o meu cérebro
E para a minha imaginação.

                            Ísis Caldeira Prates

domingo, 8 de setembro de 2013

Menina morena

Pele morena
E seus pés descalços
Ela tem o cabelo de índia
Os olhos negros como o céu noturno
Envolvem estrelas e sonhos
Ela é como o dia ensolarado
Em forma de sol e mar
Mas tem a paz do mato
Serena Iemanjá
Ela tem perfume de flor
E anda com tanto amor
Que faz transbordar
Ela é pura música e dança
Tempestade e bonança
Ela tem as cores primárias
Misturadas em forma de alma
No outono suas folhas secam e caem
Ela tem o dom de reciclar suas crises
E infinitamente sorri por docilidade
Ela não é perfeita
Mas seu coração é um oceano
Prazeroso de nadar
Às vezes quando procuram-na
É difícil de encontrar
Às vezes ela está perdida
Em sua hipnose lunar
Ela vê caminhos, saídas, chegadas e partidas
Estar com ela é como tocar o céu sem saber voar.

                           Ísis Caldeira Prates

                                  

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Nostalgicamente idiota...

Meu inconsciente está agônico
Estou relembrando o passado
Coisas mal resolvidas
Por que todo poeta tem mania de nostalgia?
Deve ser coisa de alma sensível
Ou pode ser dor de cotovelo mesmo
Acho que eu só amei uma vez nessa vida
E foi amor...Ah foi...
Daqueles arrebatadores e impiedosos
Daqueles que a gente não esquece
Amei uma vez como se fosse a última
Nem sei o porque que estou compartilhando isso
Até porque me dói
Fico lembrando dos olhos dele
A docilidade destes
Seu sorriso e até seu cheiro
Que eu peguei por acaso
Aquele menino me mostrou o que era vulnerabilidade
Aliás, me mostrou que eu era menina e ele homem
Ele inundou-me várias vezes e eu deixei
Porque era prazeroso quando ele me tocava em meus pensamentos
Foi nessa época que eu me espiritualizei
Tentei até telepatia
Que porcaria, não é?
Sabe, eu aprendi que eu não podia ter tudo
Parecia que o destino barrava
Eu ia do céu para o inferno
Sem regras de tempo
Mas eu fui fiel a mim
Ao que eu queria
Eu vivi o momento
Mas não aconselho a fazer o mesmo
Hoje sinto-me solitária
Até mesmo fingida
Finjo um ânimo que me falta
Está comovido leitor(a)?
Porque eu estou
Ó céus! Até eu me sinto comovida...!

                                   Ísis Caldeira Prates

sábado, 31 de agosto de 2013

Sinto muito...

Estou andando pela chuva
Sim, está chovendo
Sinto o balançar das folhas das árvores
O vento sopra
Acudam-me
Estou andando sem rumo
Só sei que sinto minhas mãos suadas
Estou sufocada
Não consigo calar essas vozes
E as sombras aproximam-se
Meus olhos tão profundos
Nunca ficam rasos
O fogo ainda revive
Escuto minhas transparências
Talvez alguém ainda me veja
Por trás do espelho
Disfarcei as dívidas
Mas o mar sempre se agita
Persuadida pelo tempo
Devolvo-me a mim
Não me importo de não ver o sol
Contanto que eu sinta a luz.

                     Ísis Caldeira Prates

                                 
                         

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Monólogos

Tiro minhas roupas
Abro o box
Giro o registro lentamente
E a água cai sobre mim
Minha alma pede
Que essa água lave
Todos os meus problemas
Mas sei que não
Então eu choro
Como uma criança em desespero
Como uma criança que se perdeu da mãe
Eu choro alto por dentro
Mas baixo por fora
Ninguém escuta meu choro
Só eu e Deus
Nós dois a sós
Penso em minha vida
Um instante realista
Mato-me aos poucos
A dor me consola
Até esta se comoveu
Minhas lágrimas misturam-se
Com a água que cai do chuveiro
Já não sei se é meu choro
Ou se é a água que cai por inteiro.

                     Ísis Caldeira Prates

Engulo-me

Saia e feche a porta
Quero ficar sozinha
Deixe-me em meu quarto
Meu esconderijo
Queria dormir por alguns anos
Queria acordar adulta
Para quem sabe não ser tão boba
Talvez até menos sonhadora
E mais resolvida
Queria pensar mais em mim
Queria ser mais corajosa
Estou perdida
E com vontade de ir embora
Para longe de mim
Sinto-me nua, crua por dentro
Sinto-me um fantoche dos outros
Parem de brincar com meu coração
Eu não sou brinquedo
Eu não sou um parque de diversão
Sim, estou triste
Estou cansada
Não sei onde vou
Só sei que não quero
Acabar em um bar dizendo
"Mais uma, por favor"

                   Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Reflexos dele

Onde estamos indo?
Eu perguntei para ele
Porque seus olhos estavam indecifráveis
Onde estamos indo?
Ele não segurava minha mão
Mas havia outra coisa que nos atraia
E me mantinha perto seguindo-o
Onde estamos indo?
Eu não conseguia reconhecer o caminho
Acho que nunca tinha ido ali antes
Ele me levava sério
Às vezes olhava para mim
Onde estamos indo?
Eu queria ir, mas algo em mim sentia medo
Eu tinha que ser corajosa
Eu tinha que ir
Era o mínimo a se fazer
Era o meu destino.

                            Ísis Caldeira Prates