domingo, 21 de setembro de 2014

Corpo

Eu tenho um corpo
Não posso negá-lo
Eu tenho um corpo
Meu corpo não é ilha
É continente
Meu corpo não é falácia
É ação
Meu corpo não é medo
É coragem
Meu corpo não é censura
É inclusão
Meu corpo não é restrito
É comunhão
Meu corpo não é vazio
É imensidão
Meu corpo não é frio
É quente
Meu corpo não é dormente
É desejo
Meu corpo não é de ferro
É de imaginação
Meu corpo não é triste
É constelação
Meu corpo não é pecado
É santo, é divino
Meu corpo não é errado
É prazer pelo conhecimento
Meu corpo não é carne
É sensação
Meu corpo é zona erógena
É zona bandida
Mas também é admiração
Meu corpo é o reservatório do amor que há em mim
É instrumento de distribuição
Distribuo esse amor aos loucos
Como eu, livres
Meu corpo é livre
Meu corpo é celeste
Meu corpo é essência divina
É infinito pulsante
É aventureiro de poesias que transpiram
Que falam e olham profundo
Meu corpo precisa de outro corpo
Isso não é perdição
Meu corpo é meu
E de quem eu quiser
Eu tenho um corpo
Não posso negá-lo
Eu tenho um corpo.

                    Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Da beleza ao voo para a liberdade

Já não sou como as flores que desabrocham na primavera
Eu sou as pétalas que caem das flores
Que se libertam das flores
Que sentem a brisa e se aventuram nas correntes do vento
Eu sou a pétala que se desprendeu da beleza unânime das rosas
Que deixou de fazer parte de um coletivo fixo e estagnado
Para ser única, desbravadora das intensidades subjetivas
Conhecedora das danças rítmicas do tempo
E da selvageria dos espaços amostrais
Pétala desgarrada e ciente das perdas causadas  pelos anos
Eu escolhi a emancipação e o mergulho solitário nas profundezas de minha própria cor
Os anos me farão entrar lentamente em decomposição
Mas vale toda a pena por essa viagem, até morrer tocando o chão.


                         Ísis Caldeira Prates



domingo, 7 de setembro de 2014

Versos para um palhaço poético

                                                    Para Zack Magiezi

Ele deita em sua cama como quem deita sobre a grama
Debaixo de um céu estrelado
Os olhos divagam nas poesias internas
Nos infinitos utópicos de um menino crescido
Ele tem asas meigas que sobrevoam minhas intimidades
Ambos temos alucinações noturnas
E uma alma inconstante nas regras do ser
Tens um lindo coração aflito, porém florido e com cheiro de amanhecer
Devorador de intensidades
Algumas mordidas, por que não?
Gosto do seu nariz de palhaço
E como mágico
Tens as cartas na manga para me prender.


Ísis Caldeira Prates 



Amores imaginários

Eu te beijo sozinha nas clarezas de minha mente monogâmica
Um atentado a minha dignidade
Não são só beijos 
São sussurros de minha decadência
Já virou indecência te querer
Engraçado, eu não te amo com o coração
Te amo na minha mente 
Eu tenho fantasias com você. 


Ísis Caldeira Prates