sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Receba-me em sua casa, eu vou e volto, eu sempre voo

Eu quero beijar tua boca sem pudor
Acariciar seu cabelo
Morder sua orelha
Segurar sua mão
Inalar o seu cheiro
Seu perfume doce
Que tortura meu toque
Eu quero conhecer seus olhos
Quero os dias luz e escuridão
Quero seus devaneios tolos
Suas carências desnecessárias
E seu modo de gostar
Quero sua presença
Seu conforto decadente
E sua sala de estar
Quero seus retalhos
Pedaços soltos
Meu quebra-cabeça
Meu cultivar
Apesar de tudo, ainda quero ser minha.

         Ísis Caldeira Prates

Meu quarto tem várias portas

Eu sempre fui abusiva
Abuso da minha capacidade
De saber que não sei de nada
Talvez eu sinta, mas não compreendo
Minha confusão é distinta
Uma incógnita existencial
Gosto dessa bagunça
Assim eu deixo tudo arrumado.

    
       Ísis Caldeira Prates

Palavras de uma sonhadora

É claro que eu te perderei quando vier o vento
A vida é feita de ventanias e nós perdemos
Perdemos tudo, perdemos até a vida
Mas olhe pelo lado bom
Também perdemos os erros, os enganos e os vazios.

       Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Entenda os meus recados

Por vezes fico pensando se ele entende minha poesia
Qual o efeito que causa nele?
Será que ele entende o que eu quero dizer?
Poemas são sempre recados
Para situações e pessoas diferentes
Os meus são dele, mas ele vê?
Queria que me perguntasse sobre o que lê
E talvez eu tivesse coragem
De dizer tudo o que tenho para dizer

         Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tudo bobagem

O seu querer é até bonito
É disfarçado
Um pouco acanhado
E eu fico boba
Seu querer ainda é menino
Não sabe se pode entrar sem bater
Tem um jeito que é só seu
E mesmo que eu não o veja entrando
Eu sinto seu cheiro na casa
Pudera você saber
Que eu sou boba por você.

           Ísis Caldeira Prates

Eu nasci para sentir demais, ao menos deseje-me sorte

Eu sei que vivo tudo em demasia
E confesso que os dias tristes não são fáceis
Porém, acho uma delícia viver em demasia
Quando o assunto é o amor
Me falta medo de sentir
E que lindo é sentir
Sensibiliza a alma
Faz o coração bater melhor
Previne de ataques cardíacos
Sentir é se permitir
Amar é revolucionário
Amar é um ato de coragem
Os perigos existem
Entretanto faz tempo que eu aprendi a levantar.

           Ísis Caldeira Prates

Palavras que alimentam

As palavras me vem tão fáceis
Que admiro a dificuldade
Que elas se tornam para alguns
As palavras não amam
Mas fazem imaginar sentimentos
E é por isso que eu preciso delas
Preciso lê-las, ouvi-las
Nem que seja de mentirinha
Mentira mesmo é dizer que não preciso.

          Ísis Caldeira Prates

As asas que batem de volta

Insista para eu ficar
Eu quase voo todos os dias
Minha vontade de permanecer
É íngreme e pendulosa
É muito fácil para eu voar
Mas é ainda mais fácil que eu fique
Basta me pedir
Eu fico livre com você.

         Ísis Caldeira Prates

          

Os ecos do teu nome

Talvez, eu te diga tudo
Mas sinto que meu tudo
Pode ser o seu nada
Eu já quebrei seus muros sólidos
Porém ainda não quebrei os flexíveis
Eu sinto que tenho sua parte difícil
Mas não a fácil, que obsessão!
Ainda bem que seus abismos não são profundos
Porque eu já visitei todos eles
Talvez seus devaneios sejam meus
Ou nada seu seja meu, provável
Mesmo assim ainda está aqui
Presente ou não, está aqui
Eu entendo minha parte muito bem
Mas não entendo sua parte que há em mim
Você faz uma bagunça estranha
Está tudo arrumado
Mas eu sinto que tudo está fora do lugar.

         Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O seu que é meu

Eu não quero sua alma
Eu não quero seu corpo
Eu não quero suas lembranças
Eu não quero seus segredos
Eu não quero te violar
Eu quero sua parte que me pertence
Eu quero seu prazer que é meu
Dê-me, e talvez eu vá embora
Talvez eu fique
Apenas por querer minha parte que está em você.

                  Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Dói, mas volta...

A noite inicia-se com uma luta constante
Entre minha dor e meu prazer
Minha dor não o quer
Meu prazer o espera exaltado
Minha dor não quer que ele venha
Meu prazer queima meus poros ao imaginá-lo
O escuro me lembra da solidão de quando ele parte
Mas também me lembra do calor do corpo dele
Talvez tudo o que eu quero é que ele venha
Mesmo sabendo que é passageiro
O que fala mais alto dentro de mim?
Só agora entendo
Que prazer e dor não existem separados.

          Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

É para ele sim, ou talvez para mim

Não sei se meus braços são fortes para você
Te segurar junto a mim não é mais bonito
Não sei se pedir para ficar é apropriado
Mas talvez quem vai sou eu
Poeta que arrasta o pé no asfalto quente
Ficar só por aqui não é fácil
Eu sei que você não arrisca
Não se entrega e nem revela o que sente por mim
Se é que sente algo
Parece que não
Sou só um passatempo
Passageiro
Completamente fugaz
Conheço seus interesses
Pode ser que tenha jeito
Porém ando muito magoada
Sem rumo
Então percebo que ninguém quer preencher a minha solidão
Não sei porque sou tão sozinha
Pode ser que acredito demais que essa solidão não vai ficar

               
               Ísis Caldeira Prates

          

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Para um alguém especial

Abra essa tua porta meu bem
Não vou te fazer refém
Não vou mudar suas gírias
Nem o seu jeito manso de ser
Só não lhe prometo não mudar seu amor
Porque eu vivo da mudança
A corda bamba me fascina
Faço tudo pra chegar ao outro lado
Se seu amor vem comigo
Nós vamos correr perigo
O perigo eterno que é querer ficar
Te prometo uma casa cheia de surpresas
Faça do meu corpo seu lar
E da minha alma seu par
Posso ser teu consolo, sua alegria e até calmaria
Peça-me o que quiser
Ando em todas as suas cordas bambas
Eu prometo minha arte para te entreter
Ficar com poeta não é para qualquer um
Se você ficar eu te faço vivo outra vez.
          
  Ísis Caldeira Prates

Lembranças de um café derramado

Eu precisava de um pouco mais dele
Mentira, eu precisava de muito mais
E esse precisar me agoniava
Precisar não é ter
E eu sabia que nunca teria-o.

         Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Volta mãe...

O chão está frio mãe
Me dê um cobertor
Que é pra eu ter força
Pra orar pra nosso Senhor

Vem mamãe
Dorme comigo
Me sirva de abrigo
Pois já não sei mais quem sou

Mãezinha eu sei que errei
E erraste também
Mas o que se há de fazer
Quando o amor
Já não é maior que a dor?

              Ísis Caldeira Prates

O chão está frio

As feridas estão tão abertas
Tão expostas aos ofensores
Um olhar triste que exibe-se para a solidão
O corpo fraqueja junto com a alma
A pior doença vem, aquela que mata por dentro
Os olhos estão com bolsas de tanto chorar
Quase não se enxerga por causa das lágrimas
A dor que vem é fúnebre e seca
Ela não devasta, mastiga aos poucos
A alma vai ficando podre
Os rios viram pântanos
O sol queima os jardins
Os risos se mudam
A alma precisa dormir
Tenta esquecer, mas volta a lembrar
Essas feridas expostas ainda vão me matar
Morrerei a luz do dia
Quem sabe assim
Eu ainda encontre o caminho, a verdade e a vida.

                   Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Lola sabe, já foi mahucada...

-Já chega de palavras bonitas e sentimentos para a pessoa errada! Cansei Lola!
-Só existem pessoas erradas, as certas nunca vêm. Elas não existem.
               
              Ísis Caldeira Prates

Marina

Os olhos azuis não conseguem esconder sua busca
Por sonhos alados em países reais
O bocão que fala demais
Fala que ela é só dela e nossa e se acabou
Os sorrisos são encantados 
Pois as tempestades são turbulentas
Nas levezas ela dança na chuva
Às vezes inunda-se pelo tempo
Dança pelas portas abertas da casa vazia
Pudera ela ser livre mais que viva
Intensamente ígnea pelos ecos de liberdade
Como eu, ela é poeta por abuso
Poeta da vida
Pois as feridas dessa, não queremos levar.


                Ísis Caldeira Prates