quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Prometo a Marte

Ela é doce
Tem um gosto mui particular
Os olhos são grandes
Tempestuosos
Sinceros
Marciana!
Fora de seu tempo
Viajante cósmica
Energia tragável
Um sangue cor de vício
Oásis no deserto
Marciana!
Impossível ela ser da Terra
Deus me salve dessa criatura
Mas ela tem um buraco negro
Que quando se abre pra mim
Suga até a minha alma
E me faz existir
Do outro lado do universo.

Ísis Caldeira Prates 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Eu me disponho

Então eu me pego te olhando, enquanto você dorme. É o único momento em que eu posso te olhar sem parecer louca, em que eu posso ouvir seu silêncio. Eu me deito com você, mas nunca durmo, fico ali flutuante e pensativa viajando nas suas linhas de expressão. E quanto expressionismo há em você, quantas fugas, chegadas e partidas, quantas moradas e solidões, quantos medos e quantas desilusões. É com seus olhos fechados que eu entendo, você é único, é você e ponto final, você é você e eu sou eu. Quantas anomalias cabem em nós? Por vezes eu me divido, me doo para você, tudo sem hesitação, sem arrependimentos, fico ali nem que seja no cantinho do quarto ou do seu coração. Apenas sussurrando: "Estou aqui com você..." E nessa de ficar, eu vou me desfazendo de sentimentos e palavras que eu dizia não abdicar. Eu vou passando por metamorfoses nos nossos altos e baixos, engana-se tragicamente quem pensa que relacionamentos são feitos para a felicidade eterna. Tem momentos mágicos, tem momentos desastrosos, mas é aí que você decide se fica ou vai embora, é aí que você pesa o amor. Sim, amor tem peso, tem medida, tem escolha, tem liberdade. Eu poderia estar te escrevendo um poema de amor eterno, daqueles que a gente vê aos montes, mas eu prefiro nossa realidade, nossa singularidade, eu prefiro nossa boa e intensa sinceridade que é o que nos mantém unidos. Eu prefiro nossa rotina com algumas surpresas, porque os romances cinematográficos sempre acabam quando o casal fica junto. Termina quando começa, e nós sempre começamos e recomeçamos quando terminamos, não por separações, mas quando terminamos com defeitos velhos e mal humorados para alimentar melhor o nosso amor. Apesar de todos os desmantelos, eu continuo disponível para você.

Ísis Caldeira Prates

domingo, 25 de outubro de 2015

Valsa sentimental

Agora são dois corpos
Que na verdade são dois espíritos
Que estão dançando juntos pela eternidade
Como na primeira vez
Olhos que conversam
Que se sentem e se perdoam
Mãos que acariciam e protegem
Um encontro marcado pelo destino
Nós dois que tantas vezes fomos clandestinos
Nos corações alheios
Hoje nos encontramos
Nos reencontramos
Como pássaros que trombam
Enquanto estão tentando fazer um ninho
Dois geniosos, teimosos, pontuais
Mas que acabam por se entender
Se aceitar e se querer
A beleza do nosso amor é a aceitação
Nós nos entendemos
Confortamos as feridas um do outro
Almas no inverno que encontraram calor humano
São mãos que se entrelaçam
Corpos que se aquecem
Beijos que envolvem
Abraços que curam
Sexo que sincroniza
Olhos que se buscam
Nosso amor é poema tocado no violino
Mesmo sem jeito
Você me pegou pelo braço
E dançou comigo nossa valsa sentimental.

Ísis Caldeira Prates 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Confissões de areia movediça

Anos batendo a cabeça contra a parede
Eu nem vi o tempo passar
Fiquei obcecada pela minha dor
E ela tomou minha identidade
As pessoas passaram pela minha vida
Eu reclamei de solidão
Mas foi eu quem não disse "adeus"
Eu nunca consegui dizer
Eu esperava salvação delas
Ir embora era abandono
As pessoas falam de lutar contra o mundo
Mas eu nem mesmo sei a hora de falar ou me calar
Erguer a cabeça e olhar pra onde?
Se eu já me perdi nesse labirinto
Eu não sei jogar
Não sei enganar
Não sei iludir
Não sei simular
Não sei forçar
Não sei o que eu sei
O que querem de mim?
Vocês não vão me salvar
Saiam da minha cabeça
Vocês me fazem ser o que eu não sou
Ou não quero ser
Eu ainda não aprendi a ser mulher
Não aprendi a ser minha
E não adiantam espelhos
Eu sou, eu sou, eu sou...
O que eu sou?
Vítima ou carrasco?
Acho que estou no meio
O nome disso é "doida"
Mas ninguém é obrigado a aceitar minha doideira
As pessoas ainda não floresceram em mim
Criaram raízes e estagnaram
Eu devia regá-las
Mas é melhor ser vítima de mim mesma
Ok Deus, eu é que preciso florescer...

Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Azul

Que fique nós dois nos lençóis de sua cama
Nossos risos, nossos olhares, nossos carinhos
Lá é nosso templo, nosso lugar sagrado
Onde nós transbordamos amor
Onde nós nos lemos da cabeça aos pés
Onde nós escrevemos poesias em nossos corpos
Eu escrevo meu nome em você 
Você escreve seu nome em mim
Lá, é quando a gente se abraça
E nossos corações se entrelaçam
Nossas dores cessam 
E tudo começa a fazer sentido
Tudo começa a ser sentido
E já não somos mais carne
Somos energia pura
Que troca pensamentos
Que troca consolos
Que troca fé
É lá que nos abastecemos
E o amor revive
E tira a roupa e se faz sincero
É lá que a gente é a gente
Sem interferência externa
São trocas de fluidos e cores
Azul
Que essas duas forças não se digladiem 
Que elas se unam sempre mais
E sejam o suficiente pra enfrentar os tempos ruins
Amor tem que ser para a cura
Pois só é produzido pela sabedoria
E pela resignação 
É se doar para o outro
Mas a gente tem esse defeito
De amar já com medo do fim.


Ísis Caldeira Prates 



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Doida e doída, até quando?

Sou um lindo vaso de flores
Mas nunca recebi flores
Por isso sou vazia
Por isso sou insegura

Um dia ele chegou e colocou uma flor
Fiquei desconfiada
Fiquei apreensiva
Fiquei com medo
Nunca me deram flores

Ele me dava flores, mas eu não acreditava
Então as flores murchavam
E eu nunca via a beleza delas
Eu estava amedrontada e perdendo-o

Até que um dia ele disse o que eram as flores
Eram flores de segurança
Tudo o que faltava em mim
A segurança dele era meu incômodo

Eu só precisava perceber que eu era um lindo vaso de flores
Que não necessariamente precisava de flores
Eu precisava mesmo era ser feliz como eu era
Só assim seria feliz com quem ele era
E com quem as pessoas eram.

Ísis Caldeira Prates 



terça-feira, 18 de agosto de 2015

Perdida no paraíso

Por que tão alucinógena?
Por que tão heroína?
A mais fadada ao fracasso
Eu estou perdida no paraíso
Estou fodendo com tudo
Um vazio cheio de loucura
Uma imaginação sem escrúpulos
Alguém para ouvir minha voz?
Sou uma eterna escrava
Nascida para a solidão
Eu estou perdida no paraíso
Andando sobre esses cacos de vidro
Já estou sobre-humana
Artista sedutora
Provou da desilusão
É noite de caçada
Esconda as chagas
Passe batom vermelho
Dê tudo de si
Dê até amor
Seja uma fantasia real
Então passa-se o tempo
Ela perde o controle
Depois irão embora
Sem ao menos dizer adeus.
(Estou perdida no paraíso)

Ísis Caldeira Prates 





sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Amor sem fim

Risos, sorrisos, melodias
Melodia-me tua existência
Uma visão do paraíso
Teus olhos 
Mar castanho escuro
Corre amor!
Pega o trem comigo
Para a gente ver toda essa paisagem florida
Sou lua e tu és sol
Me aquece com teu calor
Te aqueço com meu mistério
Me faz tocar o eterno 
Somos infinitos 
Jovens, selvagens, ígneos 
Não existem mais esperas
Só chegadas
Cheiros, apertos, estalos, molhados
A gente transpira o tempo todo
Liberdade que sai pelos poros
Estamos vivos!
Descobrimos que estamos vivos!
E o tempo não existe mais
Tuas imagens acesas em mim
Faíscam
Um eterno dia ensolarado
E se anoitecer, o céu explode em estrelas
Você tem gosto de viajem 
Lugares desconhecidos
Digo adeus para a inocência
Desperta a Deusa que há em mim
Eu sou tua mais intensa e arrebatadora poesia.

Ísis Caldeira Prates 



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Segure firme

Das tuas lágrimas eu me fiz cura
E todo o meu ser se fez em perdão
O meu amor saiu de mim e te abraçou
Te deu colo
Te deu consolo
Eu te amei mais
Nem sabia que tanto amor em mim cabia
Mas coube e cabe infinitamente
Porque teus beijos são santos remédios
Que fecham minhas feridas
Os seus abraços me abraçam com sede
Nunca nos saciaremos
Pois nos buscaremos onde quer que estivermos
Há uma imensidão de intensidade em nós dois
Que une a gente e não deixa doer
Olhos que se olham
Bocas que se beijam
Mãos que se entrelaçam
Corpos que se esquentam
Almas que se procuram
Os teus sentidos se moldam aos meus
Eu me encaixo em você
Me aninho na sua aura
E trocamos energias e cores e sorrisos
É uma troca de mergulhos profundos
Não precisamos falar
Encosta em mim
Encosto em você
E o milagre acontece.

Ísis Caldeira Prates



domingo, 19 de julho de 2015

Da dor ao paraíso

Minha armadura já está no chão
Tira a sua
Me olha nos olhos
Nós somos um?
Encosta em mim
Deixa eu te ter
Deixa eu te possuir
Ao menos uma vez
Para
Deixa de ser teimoso
Me ouve
Me sente
Me vê
Eu beijo tua boca
Porque me transborda
São teus lábios e tuas feridas
Eu estou curando-as
Mergulha no meu oceano
Eu quero amor até o talo
Até doer e arder
Assim a gente expulsa os demônios
E eu curo você
Fecha os olhos agora
Sente o cheiro de Ísis no seu quarto
Vamos do inferno ao paraíso
Não é só por foder
Tem respiração boca a boca
Sou seu salvamento
Meu calor derrete o gelo no seu coração
Eu te mordo e chupo
Para te limpar as dores
Para te acordar
Há cada metida eu vomito
as flores do meu jardim
A dor é solidária
Mas você ainda não me entende
Eu te fodo com força
E te livro do fim
A cada gozo um recomeço
Não fui feita para migalhas
É tudo ou nada
Se escolher o tudo
Vai morrer nos meus braços
até tocar o céu.

Ísis Caldeira Prates 






terça-feira, 23 de junho de 2015

Onde mora meu abrigo?

Por favor, não repare a minha loucura
É tudo sequela da minha solidão
Meus cem anos de solidão
Meu coração ficou arisco
Ficou desconfiado
Dolorido e maltratado
Apesar das chibatadas
Não criei armadura
Fiquei frágil
E devia vir escrito
como nas embalagens
Criei armadilhas de inseguranças
Labirintos rumo à abismos
Vez ou outra cortam minhas asas
E eu desaprendo a voar
Eu sei, eu sou muito louca mesmo
Doida e doída
Mas é tudo o que eu tenho para dar
Além do meu amor
Eu só sei amar pedindo
Necessitando
Sugando cada instante
Porque quando aparece alguém
É como tocar a liberdade
Que eu acabo aprisionando
Com esse meu medo pavoroso da solidão
Eu sou inconstante e intensa
Intensa mais que a morte
Eu me apego aos seres
E me agarro a missão de salvá-los
Entretanto, nem todos querem ser salvos
Porque nem todos esperam até ver tudo de mim
Todos se vão precocemente
O amor torna a me doer outra vez
Eu só queria que lutassem por mim
Que suportassem meus desajustes
Que entendessem a minha poesia
Essa minha sinfonia corpórea com essência divina
Que só pode ser ouvida no silêncio de um abraço
No qual eu me torno cura
É uma selva de pedras
Onde não se vê o sol
Eu vim da gênesis
Meu coração ainda é humano
Ainda sou de carne e osso
Não virarei apenas pó.

Ísis Caldeira Prates




segunda-feira, 22 de junho de 2015

Eu te confesso

Eu te confesso agora e para sempre essas coisas que te direi ou que te escreverei, apenas saiba que é do fundo do meu coração. Quem diria meu bem, que tudo começaria naquele dia do trote da faculdade, você quebrando um ovo na minha cabeça e eu vingativa fazendo o mesmo com você. Um começo engraçado e descontraído, que fez esse nosso encontro de almas doloridas, mas com um amor imenso. Naquele dia eu enxerguei você, tinha algo no seu jeito de falar e de se expressar que era extremamente autêntico, e é esta palavra que mais combina com você. No começo você quebrou um ovo na minha cabeça e no final deitou a cabeça no meu ombro, controverso que nem eu, porém é como dizem: os loucos se entendem. Então você foi chegando sorrateiramente com um toque de ousadia (sem ousadia não é você), e eu fui deixando porque de alguma forma você acordava a liberdade que havia em mim. Não tivemos joguinhos, simulações ou pretensões, éramos dois devassos com uma química "master das galáxias", os conservadores diriam que fomos rápidos demais, entretanto foi tirando nossas roupas que nós nos conhecemos. Só assim pudemos ver nossas histórias, nossas cicatrizes, nossos vazios, decepções, traumas, enfim todas as nossas anomalias. E foi nas nossas dores e prazeres que nos encontramos, e é por isso que com tão pouco tempo já nos conhecemos mais do que muitos casais. Eu sei dos seus defeitos e você sabe dos meus, nós aceitamos isso e entendemos, acho que a coisa mais linda que há em nossa história é o não julgamento, nunca nos julgamos, sempre aceitamos um ao outro e somos sinceros. E pensar que naquela noite em que tudo deu errado eu quis te deixar, mal sabíamos que dali é que nosso amor iria surgir com toda força, maior do que imaginávamos. Você me pediu para eu não te deixar, você não queria me perder e lutou por mim, isso foi maravilhoso, não há nada mais bonito do que lutar pelas pessoas que nós amamos. Você preenche os meus vazios, me protege do mundo, me dá uma sensação infinito, de imortalidade, eu me sinto feliz e amada, eu acredito em você porque quando eu olho em seus olhos tudo faz sentido. Eu pensei que nunca mais amaria ninguém, pensava que ficaria sozinha, mas aí a vida vem e mostra o contrário, a vida veio e me trouxe você. Não foi por acaso, não acredito em acasos, você é minha missão, a mais linda de todas. Eu quero muito te fazer feliz, quero estar ao seu lado em todos os momentos, quero ser sua melhor amiga, sua mulher e sua amante. Eu quero te ajudar a ser um homem melhor do que você já é, assim cresceremos juntos. Sei que nem tudo são rosas, teremos nossos altos e baixos, nossas desavenças, mas que mesmo chateados um não seja indiferente com o outro e continue se importando. Porque o amor nunca acaba, ele se transforma e eu espero que o nosso seja sempre transformado em coisas boas e que mesmo longe, não estejamos distantes de espírito. Eu tenho certeza de que eu te amo por tudo o que somos e que nos tornamos, e principalmente por saber que posso te perdoar sempre, porque amor é feito de perdão, qualquer tipo de amor é assim, perdoa, espera e consola. Você deve estar pensando: "Que texto...!". Você conhece sua Isinha poetisa, intensa mais que a morte. Parabéns xerozo! O aniversário é seu, mas eu é que ganho presente, VOCÊ! Eu te confesso... Eu te amo!

Ísis Caldeira Prates



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Encontro dos viajantes

Digitais espalhadas pelo meu corpo
Eu sou um pássaro azul em liberdade
Universo paralelo
Fechei a porta
Você sorriu
Olhos sinceros
Sintomas de profundidade
Se me ama aceite-me
Eu já te aceitei
Até o último suspiro
Enquanto existir necessidade
Somos um rio caudaloso
Perene
Às vezes afoga gente
Às vezes mata a sede
Leva para a calmaria
E termina em braços meigos
Braços amáveis
Misericordiosos
Amor é misericórdia
É consolo
Te vejo de olhos fechados
Não são meus olhos de carne
São meus olhos da alma
Você tem cheiro de cosmos
Esse teu cheiro de infinito
Me leva aos meus extremos
E não me julga
Eu nunca fui tão eu quanto sou com você.

Ísis Caldeira Prates 


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Amorteamo

Pulsa e bombeia
Bombeia e pulsa
Bate, bate, bate
Apanha, apanha, apanha
Um ritmo sensual
Se não fosse trágico
Se não fosse amor
Descobri! Eu te amo!
Ó céus! Ó lua!
Por que tão sério?
Estou amando um devasso
Estou amando um perdido
Esse bandido que tirou minha roupa
e roubou meu coração
Ah quanto clichê!
Sou pássaro livre
Não me venha pôr algemas
Viro bicho feroz
Viro bicho selvagem
Nasci da selvageria
Mas estou amando você
Estou assustada e amando
Que pesadelo!
Estou ficando no seu ninho ao invés
de bater asas
Larguei o sol e o céu azul claro
Para conhecer a sua lua e seu céu estrelado
Lar de amor anômalo é noite
Noite dos prazeres
Noite dos esconderijos
Quatro paredes ganhando de um vulcão em fúria
E nossas almas se encaixam
Se ajeitam na nossa agonia e perversão
Encontramos beleza na dor
E delicadeza nas mãos entrelaçadas
Nosso suor lava a alma
Limpa as desilusões
É lindo sugar tudo do outro e continuar ali
Mesmo quando nada resta
Mesmo quando só resta alma
Devora a carne e fica para observar a alma
Já viu minhas cicatrizes e minhas deformidades
Já morri em teus braços
Agora preciso renascer
Amor te amo!
A morte amo...


Ísis Caldeira Prates 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Embebeda-me

Obrigada meu bem
Por me fazer sentir livre
Por me fazer sentir viva
Por me fazer sentir jovem
Por fazer meu coração palpitar
Por me dar queimações
Por me dar meles psicodélicos
Por ser mais prolixo que LSD
Obrigada por ser minha droga mais bonita
Meu vício mais feliz
E meus tremores mais intensos
Obrigada por tirar meu chão
E no lugar me dar asas
Vive comigo de verdade toda essa nossa intensidade
Me bebe até a derradeira gota
Me suga até eu não aguentar mais
Até você ver minha alma
Até o amanhecer enrolada nos seus lençóis atrevidos.

Ísis Caldeira Prates

domingo, 24 de maio de 2015

Os doloridos estão felizes!

Em um instante fugaz e fútil
Nós quase nos perdemos
Eu te disse adeus como quem não tinha escolha
Saí de sua casa pisando em dor
Não tinha mais você em meu vazio
Estava partida e partindo
Mas como diz o ditado, há males que vêm para o bem
E você voltou, você me enxergou
Quando percebeu a imensidão de amor por trás do seu vazio
Nós mudamos e nos sentimos
Você entendeu minhas palavras e minha poesia
Suas dores chamaram por mim, chamaram pelo meu consolo
Dois doloridos que agora estão amando
Existe algo mais belo do que dois doloridos conhecendo o amor?
Era disso que precisávamos, agora fazemos sentido
Continuamos não nos cobrando nada impossível
Apenas delicadeza com nossas almas
Desde aquele dia eu sabia
Que nós não nos encontramos por acaso
Um servirá de abrigo para o outro
Eu quero viver todo esse seu novo eu
Vem pra cá
Que eu te ajudo a descobrir as três palavras.

Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 19 de maio de 2015

Como desaparecer completamente

Quantos dias de solidão é possível suportar?
Segundos, minutos, horas, dias, meses, anos
A eternidade?
Eu tenho medo do eterno
Não acaba nunca
E pensar que tem dias que eu quero desaparecer
Não morrer e ver o outro lado
Mas apagar
Desintegrar
Deixar de existir
Mas na natureza nada se perde, tudo se transforma
E quando foi que eu escolhi ser eu?
Tic tac tic tac tic tac
O relógio de novo
O tempo
O infinito
E continuo eu e eu mesma
Uma de frente pra outra
Errando e doendo
Doendo e errando
Me afogando nas minhas águas turbulentas
Saltando dos meus abismos
Parece tão visível para mim
Por que ninguém vê?
Tem uma eternidade que eu espero um salvamento
Uma boa alma ou um tiro de misericórdia?
BANG!
To bem, to legal, de boa. que nada
Desaparecida presente
Sorrisos, conversas, festas, vícios, trepadas, histórias, amantes
E pensar que tem dias que eu quero desaparecer...

Ísis Caldeira Prates 

domingo, 17 de maio de 2015

O vazio dos doloridos

Somos carne, carne e carne
Achei que seríamos intensos
Mas não fomos, não somos
Aliás, o que somos?
Vazios?
Doloridos?
Sozinhos?
Dois solitários juntos
Alimentando seus vícios
Eu tenho errado com você
Deixei que nos tornássemos apenas matéria 
Ficamos animalescos
Ocos
Insensíveis
Tocar por tocar
E agora nada temos a dar um pro outro
Não somos nada além
Do que poderíamos ser
Você é só um menino que não conheceu o amor
Eu sou só uma filha rebelde
Não quero ser só
Não quero que você seja só também
Ou mudamos e nos sentimos
Ou nos deixamos seguir nossos caminhos tortuosos
Eu cansei de ser apenas vista, eu quero que me enxerguem
Eu sou mais do que carne, e você também é
Talvez você nunca entenda minhas palavras e minha poesia
Mas eu entendo a sua
Tem uma imensidão de amor por trás do seu vazio
Só que eu não posso querer descobrir por você.

Ísis Caldeira Prates

domingo, 26 de abril de 2015

Os doentes são imortais

Eu não tenho essa beleza que me dizes
Eu tenho estranheza
Descuido
Delírio
Eu não me calo
Eu não me reprimo
Eu sou fracasso
Amor não exprimo
Lá na montanha tocam os sinos
Adeus de alvorada
Peito sem auxílio
Solitária peregrina
Sem fé nem caminho
Vivo tropeçando na erraticidade
Mas eu tenho um destino
Destino esse tardio
Autoritário
Carrasco
Quem diria que meus olhos
De lágrimas se encheriam
Não conheço teus sentimentos
Eu não morro de vazio
Os machucados vão criando casca grossa
Casca de menino sozinho
As borboletas continuam sua metamorfose
E eu parada à beira do caminho
Que dia será amanhã?
Dia de comer pedras
Pedras jogadas a sangue frio
Tenho lutado contra monstros
Acabo por me tornar um
Minha culpa cobre meu instinto
Sou nascida da selvageria
Conheço bem essa selva de perigos
Mas não tenho para onde ir
No final desço rio abaixo
Encontro-me com a imortalidade
Tudo que é belo tem que morrer.

         Ísis Caldeira Prates

Doloridos

Intensos quereres
Que me despertaram do meu nevoeiro
Dores que se comunicam
Que se olham na escuridão
Despidos e pungentes
Corações devastadores
Dois infernos celestiais
Nós nos encontramos em nossas carências
Dois anômalos do desamor
Que mordem, que beijam
Que gemem melancolias íntimas
Somos dois devassos
Decadentes e distintos
Vamos contra a multidão
Que sejamos errados
Travessos
Desequilibrados
Mas que sejamos nós mesmos
Com nossa própria volúpia
Nosso próprio desapego
Você é livre
Eu também
Ilusão só se for nas verdades absolutas
Somos dois amantes diante da redenção.
Ísis Caldeira Prates

sábado, 21 de março de 2015

Virtuosa

No meio dos quereres e dos amores
E das perdas e dos vazios
No meio da minha solidão
Eu estou aqui
No meu quarto
No meu lar
Na minha discórdia
Estou me amando sozinha
Me amando mesmo
Inesquecivelmente
Sem frio na barriga
Sem coração acelerado
Apenas eu e eu mesma
Duas em uma
Que se amam
Que ficam até o fim
Que têm desejo 
Noturna por natureza
Do inferno ao céu 
Do acaso ao vício 
Eu tenho delírios
A vida pede delírios
E o meu quarto tem cheiro
de nicotina, da minha nicotina
Tem cheiro de viajem mental
Celeste, infernal, virtuosa
Acabo com ar nos meus pulmões
Ouço Charles Bradley
"Lovin you baby"
E me olho nos olhos
Um amor sacana
Que só os putos entendem
Me amo só
Me vicio só
Os meus meus dias continuam
E eu sou guiada apenas por mim.


     Ísis Caldeira Prates



quarta-feira, 11 de março de 2015

Espelho

Sou um pássaro livre
E vivo uma liberdade prisioneira
Eu tenho um coração indomável
Que é domado por vezes
Eu tenho uma alma de muita leveza
Que é pesada por dias
Eu sou claramente sem preconceitos
E julgo sempre
Eu sou infinitamente feliz
E minto alegrias
Eu sou demasiada espírito
Que o corpo bombardeia
Eu sou demasiada humana
O que faço com certeza
É me perdoar todos os dias.


              Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 3 de março de 2015

Manuscrito da libertação

Borboletas lépidas que deixam meu estômago
Saem pela minha boca e vão ser livres
Antes, prisioneiras do amor
Agora, livres de sorriso frouxo
Borboletas alforriadas que não tremem
Que não palpitam o coração
Que só carregam levezas e liberdade
Borboletas com intensidades degustadas
Borboletas de linhas longínquas
De desenhos místicos e muros demolidos
Borboletas com asas praticantes
Treinadas para o voo
Mas que também tocam o chão
Borboletas conhecedoras dos altos e baixos
Das alegrias e das desilusões
Minhas borboletas sabem de tudo e no fim
Nada sabem
Sabem que podem voar, mas que ainda não
Conhecem todos os mistérios do céu.

              Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Carta para o meu amor


Você tem dedos mansos com dobras de laço e digitais melódicas. Você sabe dos meus deslizes e dos meus transtornos, lê as galáxias que existem em meus olhos e sabe quase todas as senhas de minhas sensibilidades. Você caminha silencioso pelo meu território assombrado, sabe que eu costumo dormir nele e quando me acordam eu viro pó. Você cheira a céu de passarinho, me dá a liberdade que eu sempre duvidei, você sabe que eu duvido de tudo, que eu sou teimosa, que eu sou doida e doída. Você transpira comigo quando eu viajo ao espaço e encosto no sol, você conhece todas as minhas queimações, elas surgem todos os dias e já não temos água, somos incêndio que não se deve apagar, mas que às vezes se apaga. Você tem olhos cansados, tem uma alma nua e sem vergonha, somos dois sem vergonha porque você aceitou minhas cicatrizes e minhas anomalias. Com você eu tiro a roupa e me sinto amada, tirar a roupa não é para qualquer um, só tiro se existir verdade, essa grande ilusão. Não sei sua forma física, nunca reparei, sua essência já me enche, já me transforma e eu me doo. Eu sinto nosso começo e nosso fim, somos infinito, mas infinito não tem fim nem começo. Então não existimos, mas como pode isso? Nada se perde, nada se apaga, a ideia é viva. Estamos portanto pairando pelo universo, somos utopia, imaginação, subconsciente. Fomos feitos para a despedida, mas quando nos encontrarmos salvaremos a humanidade, somos dois pontos extremos de energia cósmica. Pequenos e cruciais, você finge que existe e eu também, no fundo a utopia é o que pode vir a ser. Seremos, ou talvez nos perderemos, quem decide são os corpos que nos guardam, que nos fazem viver.

Ísis Caldeira Prates 


sábado, 24 de janeiro de 2015

Sessões de uma psicopata

Uma sala de origamis
Pássaros de papel
Papel de jornal
Cisne de noticiário
Pássaros que não tocam o céu
Senti-me um origami
Feito de imaginação
Mas com o destino
De pura melancolia.
     
             Ísis Caldeira Prates



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Presença de Ísis

Invoca meus beijos
Amor, amantes
Invoca minha poesia
Loucura, bandida
Invoca minha pele vulcânica
Transviada, faminta
Invoca meu mel
Doida varrida
Invoca minha paixão
Tesão, volúpia
Invoca meus gemidos
Cura, exaustão
Invoca minha dor
Melancolia, dismorfismo
Invoca minhas agonias
Andarilha, errante
Invoca meus pecados
Castigo, mentira
Invoca minha súplica
Submissa, viciante
Invoca meu prazer
Dormência, solidão
Invoca minha tristeza
Vazio, decepção
Invoca minha alma pueril
Ilegal, apavorante
Invoca meus traumas
Invoca tudo que há de perverso em mim
Só assim chegará no meu paraíso
Paraíso infernal
Invoca meu nome
Me tenha na lembrança
Me chama... Ísis.


         Ísis Caldeira Prates


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Confessionário de poeta

Vou chorar minhas dores na rua
Vou chorar minhas dores de agonia
Vou chorar meu coração vazio
Vou chorar minha solidão
Entendedores, onde estão?
Ouvintes, conselheiros, consoladores
Palavras que salvam
Eu vou chorar no colo de um poeta.

Ísis Caldeira Prates  

Interrogação

Saudade dos nossos beijos santos
Da nossa inocência
Das mãos trêmulas
E do coração infantil
Mãozinhas de algodão
Com suas formas divinas
Éramos anjos caídos do céu
Almas que se procuram na eternidade
Mas não será dessa vez?
Foi jogo de azar?
Nossos caminhos continuam se cruzando
Pena que não lutamos
Nos vemos, mas não nos encontramos
Amor de passado que perturba o presente
E deixa o futuro com uma interrogação.

Ísis Caldeira Prates