sábado, 29 de junho de 2013

Minha metade mais louca e segura

E pensar que posso ser
Duas pessoas ao mesmo tempo
Ora fogo, ora ternura
Ora perigo, ora santíssima
Ora apelo, ora desmantelo
Ora amável, ora substituível
Ora crente, ora descrente
Ora menina, ora mulher
Ora estável, ora "deixável"
Ora, ora, ora, ora...

Ela sempre ora, para estar sensível
Mas o que a perturba é o...
Ora eu, ora você.

                          Ísis Caldeira Prates

Com todo o meu amor

Estou incrivelmente sensata
Só agora eu sei
De todas as suas trapaças
De todos os seus suspiros
De toda sua luz
Onde antes eu só via trevas

Estou incrivelmente leve
E estranhamente perto
Do que antes eu fugia
Ainda que eu fizesse
A escolha errada
Você seria a certa

Só agora ouço
Tua voz chamando meu nome
Tão palpável, mas tão distante
Distante porque eu deixei
Mas agora quero de volta
Como antes nunca quis

Ver-te-ei nos campos de lírios
E receberei-te feliz
Sei que quando ver meu sorriso
Sentirá seu coração palpitar em minha presença
Outra vez.

                             Ísis Caldeira Prates

Me encontrei em você

Ô Loiro, acho que redescobri você
Desculpe a demora, eu sei que você sentiu
Mas agora eu estou aqui, no lugar certo
Pronta...
Só não demora para perceber
Porque estou te buscando outra vez
Eu sei que você sabe
Porque eu olho nos seus olhos e me sinto bem

Você está me desregulando
Com certeza você é o melhor de todos
O número do meu sapato
A tempestade sadia

A gente pode ser cabeça dura
Mas agora eu te dou sinal verde
Só sua, só sua...
Vem logo Loiro!
Vem para eu te esquentar
Como você gosta
Tenho planos para você Loiro
E na hora dos doces sonhos
Posso te chamar de Sr. Loiro.

                              Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Cara de "aff "...

Espero encarecidamente
Que você me mate pela manhã
Pois sinto que vai deixar-me
Então antes que eu abra meus olhos
E caia em mim
Mate-me...!
Para que eu acorde no paraíso
E guarde apenas as lembranças boas
Desse amor estragado
"Estragado..."
Sinto-me como comida vencida
Fica meses na prateleira
À espera de um consumidor
Mas ninguém a leva para casa
Então vence e é jogada fora
E ainda escrevem no rótulo:
"Obrigada pela preferência"
Poupe-me hipocrisia.

                           Ísis Caldeira Prates


Nasça de novo Nação!

Bendito seja esse protesto!
Avante guerreiros alados!
Desejamos ouvir tuas vozes
Como um ressoar benéfico
De libertação e luta!

A marcha desenfreada ecoará
Por entre os montes e a terra tremerá
Mas o mais importante!
Veremos o medo nos olhos dos tiranos
E será uma alucinógena sensação de prazer

Usaremos a política dos 4 F's
Foco, força e fé
Ah! Lembrei! E um FODA-SE à opressão!

                  Ísis Caldeira Prates



Napoleônica

Eu sou paranoica, dissimulada e obsessiva
Sou frenética e categórica
Insistente, feroz e determinada

Eu sou a lei de Ramsés
Infartada de poder
Eu sou o véu que cobre o céu

Ó aura de clamor!

Chama teus filhos ensanguentados de perdição
Desamparados no pânico
E amaldiçoados pelo "Cale-se"

Que custe a vida!
Que custe os bens!
Que custe o orgulho!

Mas que finalize em dignidade
Apreço e voz dos que não tinham
Chama-me de desgarrada
Mas tenha peito para enfrentar meu levante feroz

Porque ainda que eu caia
Envolver-me-ei em glória
E lembrança de toda uma nação.

                            Ísis Caldeira Prates

sábado, 8 de junho de 2013

Não coube, não caberá

Ana anda pelos cantos
Sempre debaixo da euforia
Tão insossa e vaga
Seus olhos parecem zumbis
Alienados pela comovente história das réplicas
Ana ainda não floresceu
Está doente de coerção
As máscaras que rondam-a são extremamente astutas
E levam-a ao incabível mundo da perfeição
Ana move-se lentamente por conta das correntes nos pés
Mas sente-se livre 
Oh... Ela está muito doente... 

                             Ísis Caldeira Prates

Intitulada Julieta

Ontem li meu horóscopo
E lá dizia que eu deveria agir com mais afeto
Dei uma gargalhada, abafada de ironia
Já estou afetada de afeto faz muito tempo
Nada mudou
Só minha paranoia aumentou

                             Ísis Caldeira Prates

Sugando os versos de seus sonetos

O sol entra pela minha janela
Acordo com seu cheiro em meus lençóis
Mas você não está mais aqui
Deixou seu lado da cama bagunçado

Não sei bem o que procuro
Acho que um homem com alma de menino
Mas de pueril já basta eu
É conflitante querer o pior de você
O seu jeito mais aventureiro e pródigo
É revelador querer o seu erro e a tua dor

Na minha cabeça, meu eu careta grita
"Perigo! Perigo!"
Entretanto não me deixo infectar pelo medo
Porque sei que com você não se pode ter medo
No mínimo uma explosão de calor.

                                     Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Introdução da minha tese de um Deus triste

Devaneios na aula de filosofia (escolástica).
Estive pensando sobre Deus
Sobre a criação, sobre os humanos
Estive pensando sobre perfeição
Se Deus é perfeito, Ele não Se basta?
Por que nos criou?
O que é perfeito não precisa de mais nada
Se todos temos uma finalidade
Porque somos imperfeitos
Qual é a finalidade de um ser que já é perfeito?
Ordenar uma finalidade à nós?
Sinceramente, creio que a perfeição é entediante
Creio que Deus viu-Se imperfeito dentro de Sua
Própria condição de perfeição
Ele sentiu-Se triste, sozinho
Então nos criou
Mas até tu Pai sentiu-Se triste?
Agora entendo o abismo que é a solidão.

                             Ísis Caldeira Prates

No fim, ouvi ao longe o trote do cavalo

Invada dois terços de mim
Com muita prosa e poesia
Escreva versos em minhas paredes
Escreva trechos de livros, poemas e afins
Saia e depois bata na porta
Para eu acordar e ver
Teus versos em minhas paredes
Paredes estas, antes diluídas
Pela minha anorexia de poder
Poder ser diferente
Poder ser melhor
Poder ser mais
Poder ser eu mesma

Mas parta cavaleiro meigo
Pois quando eu acordar
Na minha torre de Rapunzel
O dragão estará de prontidão
E dentro de mim só ficará e lembrança de ti
Vá logo, cavaleiro meigo.

                                Ísis Caldeira Prates