quarta-feira, 27 de maio de 2015

Embebeda-me

Obrigada meu bem
Por me fazer sentir livre
Por me fazer sentir viva
Por me fazer sentir jovem
Por fazer meu coração palpitar
Por me dar queimações
Por me dar meles psicodélicos
Por ser mais prolixo que LSD
Obrigada por ser minha droga mais bonita
Meu vício mais feliz
E meus tremores mais intensos
Obrigada por tirar meu chão
E no lugar me dar asas
Vive comigo de verdade toda essa nossa intensidade
Me bebe até a derradeira gota
Me suga até eu não aguentar mais
Até você ver minha alma
Até o amanhecer enrolada nos seus lençóis atrevidos.

Ísis Caldeira Prates

domingo, 24 de maio de 2015

Os doloridos estão felizes!

Em um instante fugaz e fútil
Nós quase nos perdemos
Eu te disse adeus como quem não tinha escolha
Saí de sua casa pisando em dor
Não tinha mais você em meu vazio
Estava partida e partindo
Mas como diz o ditado, há males que vêm para o bem
E você voltou, você me enxergou
Quando percebeu a imensidão de amor por trás do seu vazio
Nós mudamos e nos sentimos
Você entendeu minhas palavras e minha poesia
Suas dores chamaram por mim, chamaram pelo meu consolo
Dois doloridos que agora estão amando
Existe algo mais belo do que dois doloridos conhecendo o amor?
Era disso que precisávamos, agora fazemos sentido
Continuamos não nos cobrando nada impossível
Apenas delicadeza com nossas almas
Desde aquele dia eu sabia
Que nós não nos encontramos por acaso
Um servirá de abrigo para o outro
Eu quero viver todo esse seu novo eu
Vem pra cá
Que eu te ajudo a descobrir as três palavras.

Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 19 de maio de 2015

Como desaparecer completamente

Quantos dias de solidão é possível suportar?
Segundos, minutos, horas, dias, meses, anos
A eternidade?
Eu tenho medo do eterno
Não acaba nunca
E pensar que tem dias que eu quero desaparecer
Não morrer e ver o outro lado
Mas apagar
Desintegrar
Deixar de existir
Mas na natureza nada se perde, tudo se transforma
E quando foi que eu escolhi ser eu?
Tic tac tic tac tic tac
O relógio de novo
O tempo
O infinito
E continuo eu e eu mesma
Uma de frente pra outra
Errando e doendo
Doendo e errando
Me afogando nas minhas águas turbulentas
Saltando dos meus abismos
Parece tão visível para mim
Por que ninguém vê?
Tem uma eternidade que eu espero um salvamento
Uma boa alma ou um tiro de misericórdia?
BANG!
To bem, to legal, de boa. que nada
Desaparecida presente
Sorrisos, conversas, festas, vícios, trepadas, histórias, amantes
E pensar que tem dias que eu quero desaparecer...

Ísis Caldeira Prates 

domingo, 17 de maio de 2015

O vazio dos doloridos

Somos carne, carne e carne
Achei que seríamos intensos
Mas não fomos, não somos
Aliás, o que somos?
Vazios?
Doloridos?
Sozinhos?
Dois solitários juntos
Alimentando seus vícios
Eu tenho errado com você
Deixei que nos tornássemos apenas matéria 
Ficamos animalescos
Ocos
Insensíveis
Tocar por tocar
E agora nada temos a dar um pro outro
Não somos nada além
Do que poderíamos ser
Você é só um menino que não conheceu o amor
Eu sou só uma filha rebelde
Não quero ser só
Não quero que você seja só também
Ou mudamos e nos sentimos
Ou nos deixamos seguir nossos caminhos tortuosos
Eu cansei de ser apenas vista, eu quero que me enxerguem
Eu sou mais do que carne, e você também é
Talvez você nunca entenda minhas palavras e minha poesia
Mas eu entendo a sua
Tem uma imensidão de amor por trás do seu vazio
Só que eu não posso querer descobrir por você.

Ísis Caldeira Prates