sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Meu grande (a)mar

É difícil deixar de amar o mar, o mais belo mar deste mundo. Na primeira vez você pisa nela e é quente e gigante e assustador. Ela é um mar tão profundo e intenso que às vezes parece até monstruosa. Ela é desconcertante e amável. Dolorida e fraterna. É um mar tão emocionado e afetuoso. Tão materno e vivo que dá medo. É fácil demais amar ela e navegar nela com todas as rotas perdidas. Porque é intensa mais do que a morte. Ela é uma imensidão de desejos e sensações. Ela é inteira no seu amor concreto em meio a tanto líquido. É um mar fluido e singular, reflete o céu e as estrelas. Ela é o encontro perfeito das coisas bonitas da vida. Navegar nela vai ser a viagem da sua vida. Mas por favor, só navegue nela se você tiver a confiança de pular do barco em alto mar e mergulhar até o coração dela. Porque o barco nunca te protegerá das tempestades, ela vai criar ondas tremendas para te fazer sair do barco. Pule! Deixe ela te sentir por inteiro e nesse encontro íntimo do mar e do marinheiro, ela vai apaziguar as turbulências e vai te dar o necessário para viver com ela. Ela é gigante, mas você pode ser o tesouro dela. E como todo tesouro, você terá a paixão e a admiração dela. Ela terá toda a paciência de te ensinar a língua dela e de aprender a sua. Vai te levar na terra quando quiser e vai te esperar voltar com aqueles olhos que só ela tem. O mar não está acostumado com partidas porque ela está sempre lá, cercada pela sua imensidão. Se ela sentir que você está partindo, ela vai criar um tsunami para te trazer de volta, mas se ela perceber que isso vai afogá-lo, ela vai recuar para não mais machucar. A ressaca será visível, os ventos e a temperatura, a paisagem. Tudo será mudado. Vai chover dias e dias, os trovões vão rugir, os tornados surgirão e você olhará de longe o sofrer dela. Depois haverá silêncio quase infinito. Enfim, ela perceberá que você não é mais o tesouro dela e então meu querido marinheiro de primeira viagem, você aprenderá a maior lição de sua vida: "mar calmo nunca fez bom marinheiro".

Ísis Caldeira Prates