domingo, 29 de junho de 2014

Sacie meu íntimo aflito

Escrevo um fabulário pessoal
Envio cartas aos desconhecidos
Minhas membranas celulares dramáticas
Deixam passar substâncias afetuosas
Crônicas de um amor louco
Desafio a gravidade
Flutuo exuberante por alamedas "in memoriam"
Cavo e cavo sem parar
Preciso chegar ao outro lado de mim
Preciso conhecer minhas faces
Vago pela minha mente
Prefiro tomar as lembranças com cafés quentes
De frio já basta o inverno da alma
Minhas bocas se calam por medo de perecer
Eu tenho a pele delicada, ingênua e nua
Sou nua toda hora
Até na casa sua
Prendo meu cabelo
Minhas costas ficam expostas
Beije minhas marcas de chicote
Pois sou escrava rebelde
Eu sempre vou para o tronco.

Ísis Caldeira Prates




Um pouco mais de respiração

Eu estou me deitando louca em cima de minhas lembranças
Estou perdendo o controle e entrando em estado de decadência
Eu estou distante e furtiva
Sozinha
Sem vida
Com o peito formigando em dor
O tempo fechou hoje e eu não vi
As verdades minguaram e escorreram em meus dedos
Eu não sou mais a mesma
Sentir falta de algo mata a gente
Destrói a gente e desespera nossos corações aflitos
Estou falida de amor, se eu encontrar consolo que seja eterno
Porque se for para acabar de novo
Me mate, me deixe na lama ou no lixão de minha alma
Eu ando distraída, tem gente que já não entende
Tem gente que já não me vê
Os olhos já não refletem os distúrbios que eu deveria ver.
 

                      Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 24 de junho de 2014

Você primeiro

As partidas matam uma parte de nós
É como saber que está morto e continuar
Carregando a morte como lembrança de algo que acabou
Por que acaba?
É cruel saber que você vai amar mais aquele que te deixar
Porque despedidas não matam sentimentos
Matam a esperança, matam pessoas, mas não sentimentos
Esses ficam e não mudam
Nós os guardamos, mas ouça uma música que te toca
E BANG! Ele está de volta, mais cruel e insolúvel
A gente dá tudo de si, que droga isso, que grande droga!
E depois ficamos perdidos como um pássaro que voa
E não tem um lar para pousar
A gente ama os mais loucos, sem cabimento e distantes amores
É como beber para ficar feliz, exagerar e chorar no fim da festa
Você não sente falta da pessoa, mas de quem você pensou conhecer
Quebrar idealizações é doído, é um processo frustrante e inacabado
Já chega de amores inacabados, por que acabam?

               Ísis Caldeira Prates

Meu tocafitas

Coloquei meu tocafitas para funcionar
Ouvi lendas como Joplin, Cash e Buckley
Viajei na imensidão que saía daquele som
Eles tinham muito a dizer em suas oscilações
Senti uma mistura de inconsciência com consequência
O sentimento na música deles me embebedou
Eu que já estava confusa da vida, só precisava daquele porre
Tomei um porre de alma, de loucura e paixão
Tinha um pássaro azul querendo sair das minhas entranhas
Eu entendi o vício e a decadência que eles tinham
Viver é se destruir, enlouquecer e se fazer livre das vitrines
Tem dias que nós queremos ser apenas o que somos
Sem fugir ou lutar
Apenas o que somos e amamos
Apenas humanos com algum lugar no mundo
Queria meus olhos verdadeiros
Aqueles cansados e sozinhos
Aqueles que me buscavam dentro de mim
Meu tocafitas me contava minhas lembranças e meus delírios
Tem dias que só precisamos disso, viver nossos delírios.

      
                Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Minha consciência

Ela é nova na cidade
Tem olhos grandes
E um ego atraente
Tem quadris bonitos
E um cabelo escuro como a noite sem estrelas
Ela me olha como um rio
Ela é uma correnteza
Que me leva ao fundo de mim
Me leva aos meus extremos
Me bebe e me suga
Como se eu fosse atrativo para sua boca carnuda
Ela se move levemente em tom de melancolia
E é sensual como eu nunca vi
Tem um meio sorriso magnético
Que me leva até ela sem esforço algum
Se eu a vir nua, receio que me queime
Que enlouqueça e que para sempre a tenha
Se eu me lambuzar da alma dela
Serei infame e vulgar
Serei um meio engenhoso de calefação
Não sei se devo embebedar-me dela
Tenho medo do crime e de sua religião
Ela se desfaz em minha mente
E abarca cada parte minha
Sua correnteza por vezes empoça
Nas vielas do meu ser
Eu ainda a quero nua
Eu teimo em querer
Ela é um fogo que me consome
Quero fazer amor com ela até o amanhecer.

                     Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Entardecer na praia

E no final não tem para onde correr
Mesmo com toda a dor
O amor é o significado da vida
É a eternidade que ecoa por nossas veias
É a morfina que nos permite abrir os olhos
É a loucura que nos incendeia
É o caos e a paz que adormece
O amor é uma cura
É um momento de compaixão
É uma sede pela vida
É uma estrada rumo a redenção
O amor é todas as lembranças felizes que guardamos
E as ruins que perdoamos
O amor é arritmia cardíaca
É se doar sem saber se vai receber
É um entardecer na praia
Com a brisa no rosto
O barulho das ondas
E um formigamento no peito
É deixar a casa aberta
E mesmo que a invadam e depredem
Você continuará lá
Esperando por quem partiu
O amor é nascer de novo
Como as flores que florescem em pântanos
É o silêncio versificado no olhar
Que fala e entende aquele ser que se ama

E eu ainda estou buscando esse amor, me mostra como é?



               Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 9 de junho de 2014

O amor acaba em álcool

Eu deveria era ter tomado um porre
Depois de ter te visto
Beber tudo que eu nunca bebi
Beber até esquecer quem eu era
E assim eu esqueceria você
Te esquecer por uma noite
Eu preferia ter vomitado as tripas
Mais do que ter chorado tanto
Eu queria te vomitar
Vomitar toda a sua toxina que havia em mim
Você que um dia foi minha cura
Agora é meu antígeno
Ainda não vi o outro dia que tanto falam
Vai doer até que dia?
Vou enfiar o dedo na garganta
Estou com bulimia de você.

               Ísis Caldeira Prates

domingo, 8 de junho de 2014

Psicopatológica

Então a gente se agride
Se espanca
E se molesta
Fazemos da dor um gozo
Orgásmico
Como um entorpecente
E depois ficamos ali
Deitados e calados
Com nós mesmos
Solitários
Aflitos
Arrombados
Corrompidos
Fodidos
E doidos
Ficamos completamente doidos
Esperando o amanhecer
Será que ele chega?

    
               Ísis Caldeira Prates

sábado, 7 de junho de 2014

Amor de partida

Então o amor serve para isso?
Para matar a gente e partir?
O amor vai embora e a gente fica?
Me responde! Eu preciso de uma resposta!
Para com esse silêncio que me agride
E me despedaça no chão
Eu preferia levar vinte socos na cara
Ao invés de ver você partir
Eu estou chorando porque está doendo
É como se o mundo não me coubesse
Eu quero sair correndo sem rumo
E desabar no colo de uma alma bondosa
Que conforte meu sofrimento
Eu te amei demais, eu sei que amei
Ainda amo
Que ironia foi você
Me mostrou o mundo
E depois levou tudo que eu tinha
Eu só tinha nós dois
Não tenho mais nenhum de nós
O preço de gostar é muito caro
Eu não tenho como pagar, sou uma devedora
Você foi minha parte mais bonita
Me fez sorrir do fundo da alma
E hoje eu estou chorando do fundo da alma
Por não te ter
Você foi o meu paraíso
E hoje as luzes se apagaram
O paraíso se tornou vazio e sádico
Brutal, sem vida
Mas respeito sua escolha
Você foi sincero comigo
E achou melhor partir
Apesar de tudo eu quero que seja muito feliz
E que realize seus sonhos
Você disse que não era bom com despedidas
Mas eu nunca me despeço, não fecho minhas portas
Acho que amor é o que fica depois da partida
Amor é o que você descobre depois que o outro vai embora
O amor é feito de lembranças e de perdão
É continuar amando em cacos
É continuar desejando o bem
Amor é feito de despedidas, que vieram de encontros maravilhosos
O amor é feito de escolhas e de aceitação
É sentido para nos amadurecer
O amor é feito para os fortes e corajosos
E não para qualquer um
É o maior aprendizado da vida
Amar é conhecer o outro e se reconhecer
Amar é alimento, uns dias em fartura noutros em escassez
O amor é eterno, marca o corpo e alma
E ninguém passa por nossas vidas sem amor
O amor não é um sentimento
Mas sim os nomes que guardados na memória
Eu te amo meu bem, fica bem
Nos vemos por aí.

                 Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Afundar naqueles olhos desconhecidos, que beijam minhas pupilas dilatadas em busca de amor. Vivenciar todas as suas loucuras que desnudam minha pele e me fazem torpor, acreditar em teus devaneios lunares e bagunçados por memórias indecentes. Criamos fantasias lúdicas, poetizadas e delicadamente silenciosas. Eu beijo sua melancolia, beijo suas tristezas e você me tem por fim. Eu te envolvo em meus braços e coloco suas agonias para dormir. Te aqueço mais que os dias ensolarados, te respondo em versos intensos de cor. Eu durmo ao teu lado que é para sonharmos acordados com nossos exageros insanos de amor. Nós nos suplicamos, nos queremos e nos eternizamos, teu calor suga-me para você e eu já não vejo mais, já não enxergo mais os erros cometidos. Nós estamos corrompidos, necessitados, tresloucados por essa dança faminta. O amor é como as rosas que não murcham, apenas soltam suas pétalas para ecoarem na eternidade de nossos caminhos, de nossas histórias e de nosso entardecer.

                     Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Confissões de uma humana que não sabe mais amar

Eu me sinto uma naufraga
Acordando em uma ilha deserta
Na areia, com as ondas batendo em minhas costas
Me sinto cansada e desnorteada
Estou redundante e pleonástica
Meu lápis tem escrito as mesmas palavras vazias
Sinto-me vazia como um jarro esperando pelas flores
Há um vão em meu ser
Um corredor da morte
Flores murchas em meu jardim incendiário
Escrevo cartas sem destinatário
E elas estão se acumulando em mim
Espalhando poesias sem par
Fazem-me cruzar todos o meus mares
E acabar apenas em ilhas desertas
Meu corpo não atende minha alma
Minha alma não atende meu corpo
A solidão já se tornou minha cúmplice
Não sei mais sobre o amor
Logo eu que sou tão intensa
Não sei mais como amar
As partidas esfriaram minha esperança
E do eu preciso agora?
Você diria que é amor
Eu digo que tenho medo
Que loucura essa minha
Eu, sentindo medo...?
É que as partidas me arrancam pedaços
E fico na carne viva
Eu não esqueço e nunca para de sangrar.


        Ísis Caldeira Prates




terça-feira, 3 de junho de 2014

Aventureiro do meu corpo poético

Ele me beija como quem quer abrigo
Tem uma alma de menino
Que exala liberdade
Os olhos meio puxadinhos
Traduzem sentimento de forma lúdica
Ele tem uma essência suave
De quem conhece as ondas do mar
E deixa o sol entrar pela janela de manhã
Ele é uma mistura interessante
De afeto e prazer
Desperta em mim meu eu livre
Que sente desejo de se aventurar pelo teu corpo
Ele tem o beijo macio e lento, tortura minha carne pedinte
Me faz ansiar pelo seu íntimo aflito
Ele tem meus instintos, minha boca e meu querer
Eu o inundaria fácil e ele se afogaria no meu ser.

           Ísis Caldeira Prates

domingo, 1 de junho de 2014

Escapismo

Eu olho as borboletas pousando nas flores
Tão suaves e pacíficas
Eu queria ser suave
Mas não sou, nunca fui
Se olhar no meu horizonte
Sempre vai ver minha tempestade vindo
Eu sou inconstante e feroz
Às vezes acho que há um mundo paralelo em mim
Eu estou e não estou aqui
Sou passageira e me acho infinita
Descobri que vivo e transito pelos orgasmos vazios da vida
Acho que estou envelhecendo
Achei um fio de cabelo branco esses dias
Sou uma abelha sem mel
E pelas leis da física nem poderia voar
Preciso de amor
Mas amor sem rótulos
Amor só com alma
Amor que nem curativo
Preciso de um ser que me sinta nas entranhas
E que seja cuidadoso em minhas rodovias
Eu preciso de compaixão, olhos que se queimam de tanta emoção.

              Ísis Caldeira Prates