sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sem tempo a perder

Então canta pra mim na minha festa
Aproveita e me sequestra
Esse nosso amor vagabundo
Esse nosso intenso mundo
Me faça gritar e depois sorrir
Envolvidos em beijos, sem regras
Politicamente incorretos
Eu me perco e me acho
Nós nos fazemos um
Enquanto você toca, eu danço
Enquanto você me morde os lábios
Eu piro, eu enlouqueço alta e nítida
Seus braços em um abraço
Me pegam firmes e suaves
Segura o meu cabelo e me beija o pescoço
Assim você me tem na sua mão
Assim eu te tenho
E quando você sai, tão moleque e tão menino
Eu até sinto falta
Mas não acredite em todas as minhas palavras
Porque eu não acredito em todas as suas
Perceba que você só me tem em instantes
Quando você vai embora eu recupero o meu amor por mim.
                         
                                    Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Altas horas

E esse meu desarrumado
Que não se arruma
Essas minhas preces infundadas
Esse meu desalento
Defeituosa e oblíqua
Meus olhos vertiginosos
Arrebatam os corações distraídos
Mas eles não sabem, eles não cabem
Se encontro-me alarmada por um desses
É porque eu quero de verdade
É porque eu sinto saudade
É porque me cabe
Ele deve aprender a me cuidar
Amar e conquistar todos os dias
Podem ter dias de desordem
De intolerância
Mas eu sou amável com quem me entende
Não prometo perfeição
Porém, prometo dias de verão inesquecíveis
Até tarde comigo nos lençóis aquecidos.

                         Ísis Caldeira Prates

Me deixa...

E hoje eu não estou bem
Estou procurando vazios plausíveis
Solidões exageradas e banais
Estou fria e leviana comigo mesma
Perpetuo essa espécie rara de pedintes
Estou pedindo amor a qualquer hora
Um colo, um sorriso, uma cura
Meu ópio já não preenche os espaços
Estou sujeita a reboque
Minhas tristezas convulsivas se espalham
E eu sou pura agonia
Estou vestida de fábulas rasas
Moral perdida
Equaciono-me, insolúvel
Hoje eu estou drama
Hoje eu estou caos
Hoje eu estou egoísta.

                           Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Faíscas e apelos

Ah! Se eu pudesse ler sua mente
E cantar todas as suas músicas
Ah! Se eu pudesse te tocar por inteiro
Sem medo ou censura
Se eu pudesse afagar seus cabelos
E afundar nos seus olhos da cor do oceano
Encontraria mil esconderijos, mil fugas
Para um universo paralelo
Onde almas se encontram
Se eu pudesse prever o futuro
Se eu pudesse não prever nada
Ainda me lembro de nós nas minhas distrações
Aprofunde-se em mim (em sentidos).

                               Ísis Caldeira Prates

Mostre-se sociedade

As ruas estão caladas
Vejo apenas sombras correrem entre as vielas
Estão escondendo-se, esgueirando-se como ratos
Nas rachaduras das paredes
Vejo que é sempre noite
Posso ver os vermes amontoando-se nas calçadas
E os parasitas fétidos soltando risos de horror
Eles passam uns entre os outros
Mas parece que não se veem
Estão todos com medo do amanhecer
Como vampiros que se escondem da luz
Porque a justiça aqui é paga
E as regras segregam
A doença se espalha como uma epidemia
Os zumbis voltam ao labor
E o sangue continua a escorrer para os bueiros
Eles não entendem que o sangue são suas próprias vidas.

                                  Ísis Caldeira Prates

Nossos encontros

Estava à noite na minha janela
Olhando para as estrelas
Elas perceberam minha áurea diferente
Elas me perguntaram se eu estava feliz
Eu respondi com um sorriso
E nós sorrimos em comunhão

O céu não é mais o limite queridas estrelas
Estou acesa e piscando luzes coloridas
Meus olhos luminosos e atraentes
Me emancipam da solidão
Não sinto-me mais carente
Sinto-me viva e leve outra vez

Encontre-me nas estrelas, anjo.

                                  Ísis Caldeira Prates 

Eu e ele

Está tudo bem, está tudo certo
Estou curtindo o momento
As conversas, as palavras bonitas
Às vezes pessoas aparecem do nada
De onde eu menos esperava
Surpresas boas, afinal
Eu costumava enlouquecer
Para entender meus sentimentos
Agora não mais
Aprendi com ele que o importante é sentir a brisa
Sem pressa, sem compromisso, sem pressão
É tudo questão de escolha
Escolhas que dão liberdade
Escolher ficar ou ir
Chorar ou sorrir
Escolher ou não
Ter nossa própria opinião
Ficar em cima do muro...E daí?
Temos que aprender a soltar os pássaros
Para que eles voltem, não construímos gaiolas
Mas plantamos árvores.

                               Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Morreremos amanhã

Morreremos amanhã
Descalços, despidos, cara lavada
Morreremos amanhã
Consumidos, aflitos, pagãos
Morreremos amanhã
Encabulados, baratinados e sem solução
Morreremos amanhã
Morrer não dói
A morte é como afundar em uma água escura
E continuar respirando
Para depois nascer na mesma água escura de uma placenta
Só o amor mostrará a luz

                         Ísis Caldeira Prates


Seus olhos carentes sem resposta

Estou dentro dos meus olhos
Posso ver gotas pingando sobre eles
Não há som, eu só vejo
Não ouço, não toco, não provo
Vejo tudo passar pela minha vida
Enxergo de dentro, uso apenas a visão
Mas estranhamente ela está ligada as minhas sensações
Então posso ver e sentir
Separo alguns problemas quase matemáticos
E vejo-os dessa forma
Um objeto a ser analisado
Uso minhas próprias fontes
Mas eu não sei do outro lado
E consumo-me, ataco-me, queimo-me
É só o que eu acho, o que eu posso deduzir
Mas nunca a resposta clara
Mato-me aos poucos
Pessoas são objetos sem solução.


                                  Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

No meu nevoeiro

As luzes continuam a piscar
Acho que ele despertou minha curiosidade
Meu nevoeiro está calado
Há tempos que isso não acontece
Só ouço o som da minha voz
E as imagens me seguem
Queria saber do outro lado
Como foi?
Eu disse, estou curiosa
Deixou-me uma boa impressão
Imprevisível é a resposta do meu corpo
Respondeu rápido e intenso
Falo de desejo
E estranhamente é mais interessante
Que sentimento
Por que não sentir outra vez?

                                   Ísis Caldeira Prates

                       

domingo, 15 de setembro de 2013

Um amante e um café quentes, por favor

Luzes piscam no meu nevoeiro
Despertaram minha Deusa
Feroz e arrebatadora
Sangue quente e ilegal
Amantes que beijam-se na noite fria
Em calor ficamos
Livres e sinceros
Aproveitamos a música noturna
Foram toques determinados
Olhares negros
Comum de dois
Sensações múltiplas
Enfim nos despedimos
Foi bom, será lembrado.

                       Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Na lembrança

Eu costumava ter medo de fantasmas
De gente morta
Até o dia que eu entendi
Que eles eram apenas minhas lembranças
E que as vozes, eram meu espírito
Trocando figurinhas comigo
Estranho pensar que um dia vou ser a lembrança de alguém
Que alguém vai ter medo de mim
Só espero que eu seja um fantasma conselheiro
Porque eu quero deixar uma parte minha nesse mundo.

                                       Ísis Caldeira Prates

Sobre mim

Eu quero ficar só
O que há de tão errado em estar só?
Eu gosto da minha companhia
Eu gosto de pertencer a mim
Eu gosto dos meus devaneios
E das minhas bobagens
Eu rio sozinha
Solitária e risonha
Olho no espelho e vejo vida
Estou viva e é isso que me importa
Gosto de ser complexa em minha simplicidade
Gosto de cantar errado as minhas músicas
E dançar sozinha pela casa
Não sou de imaginar pessoas
Mas sim lugares
Onde eu possa ir
Eu sou pura utopia
Mas não me engano em noites claras
Porque eu sou escurecida de natureza
Ás vezes tenho medo do meu próprio escuro
Mas eu converso comigo mesma
Acabo por resolver meus problemas
Meus lábios são labirintos
Um caminho para chegar em minha alma
Por isso, não aceito malandragem
Isso eu faço por mim
Me disseram que eu era reservada
Que erro
Eu nunca estive reservada por ninguém
Aliás, eu não sou de ninguém
Eu faço meu próprio caminho
Eu me crio e recrio
Como a dança das borboletas
Eu faço partos todos os dias
E nasço e renasço
Não precisaria nem crer em outras vidas
Pois já vivo inúmeras em uma só
Não quero ser plena
Pois eu já conheço minhas faces
E cada pedaço meu me faz quem eu sou
Eu gosto do meu desarrumado
Das minhas sensações
Eu me gosto
Não quero alguém que me complete, não preciso
Nem sei se quero alguém
Porque é difícil me ter
Aliás, só eu me tenho
Não preciso sair do meu quarto para ver o mundo
Eu tenho oxigênio aqui
É o gás para o meu cérebro
E para a minha imaginação.

                            Ísis Caldeira Prates

domingo, 8 de setembro de 2013

Menina morena

Pele morena
E seus pés descalços
Ela tem o cabelo de índia
Os olhos negros como o céu noturno
Envolvem estrelas e sonhos
Ela é como o dia ensolarado
Em forma de sol e mar
Mas tem a paz do mato
Serena Iemanjá
Ela tem perfume de flor
E anda com tanto amor
Que faz transbordar
Ela é pura música e dança
Tempestade e bonança
Ela tem as cores primárias
Misturadas em forma de alma
No outono suas folhas secam e caem
Ela tem o dom de reciclar suas crises
E infinitamente sorri por docilidade
Ela não é perfeita
Mas seu coração é um oceano
Prazeroso de nadar
Às vezes quando procuram-na
É difícil de encontrar
Às vezes ela está perdida
Em sua hipnose lunar
Ela vê caminhos, saídas, chegadas e partidas
Estar com ela é como tocar o céu sem saber voar.

                           Ísis Caldeira Prates

                                  

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Nostalgicamente idiota...

Meu inconsciente está agônico
Estou relembrando o passado
Coisas mal resolvidas
Por que todo poeta tem mania de nostalgia?
Deve ser coisa de alma sensível
Ou pode ser dor de cotovelo mesmo
Acho que eu só amei uma vez nessa vida
E foi amor...Ah foi...
Daqueles arrebatadores e impiedosos
Daqueles que a gente não esquece
Amei uma vez como se fosse a última
Nem sei o porque que estou compartilhando isso
Até porque me dói
Fico lembrando dos olhos dele
A docilidade destes
Seu sorriso e até seu cheiro
Que eu peguei por acaso
Aquele menino me mostrou o que era vulnerabilidade
Aliás, me mostrou que eu era menina e ele homem
Ele inundou-me várias vezes e eu deixei
Porque era prazeroso quando ele me tocava em meus pensamentos
Foi nessa época que eu me espiritualizei
Tentei até telepatia
Que porcaria, não é?
Sabe, eu aprendi que eu não podia ter tudo
Parecia que o destino barrava
Eu ia do céu para o inferno
Sem regras de tempo
Mas eu fui fiel a mim
Ao que eu queria
Eu vivi o momento
Mas não aconselho a fazer o mesmo
Hoje sinto-me solitária
Até mesmo fingida
Finjo um ânimo que me falta
Está comovido leitor(a)?
Porque eu estou
Ó céus! Até eu me sinto comovida...!

                                   Ísis Caldeira Prates