Ps: Ísis
domingo, 19 de março de 2017
Enquanto dormes
Eu não tenho vergonha, de te olhar nos olhos e flutuar neles como em um rio. Eu não tenho vergonha de te falar minhas palavras sinceras, minhas palavras ocultas, desgarradas, febris. Eu não tenho vergonha de te acariciar quando eu quero, de beijar tua boca um milhão de vezes por hora, mesmo depois que você dormiu. Eu entendi com você, que amor é luz acesa, é corpo desnudo como se estivesse sozinho, é olhar sereno, é sem vergonha, é de fato íntimo e febril. Ent
endi com você, que amor é seguro, firme, gigante e não tem fim. Você é aquela coisa sem explicação, louca que habita em mim. Depois de tantos tropeços, tantos erros, tantas gafes, eu entendi que o amor mora no tempo e do tempo se nutre. Depois de tanto caos, ele se renova e brilha mais forte no nosso universo particular. É isso, eu entendi com você que o amor é algo muito particular, restrito somente à nós dois, e que não se importa em envaidecer-se para os outros. Nosso amor, é esse pedacinho de céu que guardamos na memória, é esse ritmo anárquico que encontrou o caminho perdido. Você conseguiu me mostrar que os vazios são preenchidos por nós mesmos, que as dificuldades são combustível e que as incertezas existem para serem quase sempre sanadas. É tão bonito quando você me olha com esses olhos de redenção, quando me elogia apenas com um olhar. É imensamente reconfortante poder ser exatamente aquilo que sou sem medo da censura. Você é meu livro de poesias sem cadeado, sem esconderijo. É aberto à todos os públicos, porque é amor até o último átomo e nada tem de obsceno, tudo tem de pureza até mesmo nas horas nuas. Tu me conheces inteira e eu te conheço por completo. Em meio há tantas diferenças, descobrimos a maior afinidade, somos dois intensos doloridos que num descuido do destino, se encontraram diante do universo infinito. Eu não tenho vergonha de te dizer nenhuma dessas palavras, seja entre quatro paredes, seja em público, seja aqui. Eu não tenho medo de sentir com você e isso é insano. Mas eu gosto dos nossos perigos, das nossas aventuras, dos nossos desmantelos. Por fim meu amor, eu entendi que amor é ficar acordada vendo você dormir, no momento mais vulnerável da natureza, eu estou ali te olhando como quem olha um céu estrelado. É nesse momento que eu leio suas poesias em silêncio, que eu te sinto em sussurros, e que esse amor imenso se educa para não te acordar. Das cartas que a vida me enviou sem endereço, você é aquela mais bonita que eu hei-de guardar dentro dos meus lugares mais lúdicos e pueris.
Ísis Caldeira Prates
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postagem mais recente
Postagem mais antiga
Página inicial
Ver versão para dispositivos móveis
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário