Ísis Caldeira Prates
domingo, 23 de julho de 2017
Para Ela, com todo o meu amor
Estou fazendo o meu melhor nessa guerra. Estou de frente comigo mesma sempre. Nós duas, lado a lado, dia por dia, noites sem dormir. Estou ciente de tudo isso, dos monólogos e das solidões. Estou emaranhada nos meu saberes e dúvidas. Estou lúcida da minha imensidão. Os dias marcados, as cartas desviadas, os meus vícios sãos. Estou sã de mim mesma, não é loucura e nem desmantelo. Não é desespero e nem manha. Sou eu e todas as reticências que eu uso. Abuso sempre das minhas crateras e dos meus descuidos. Tento e re-tento, viver sem me arrepender, porque hoje minha andorinha, o verão é só seu. Tenho essas cores e tons bagunçados que se misturam fazendo-me, gritando-me, abraçando o que sou. É sobre ter sim, ter meu espaço moldado. Hoje eu quero, amanhã quero de novo e o novo me assusta mais. Não sou das mudanças brutas nem das rivieras. Fui criada na selva, aprendi cedo à mostrar os dentes, à rugir o mais alto possível e a segurar bem firme os raios de sol escassos. Mas não se pode segurar a luz, a gente segura e cai, volta pra caverna e ruge em solidão. Desconheço o silêncio íntimo, mas não me intimido. Eu subo de novo no palco pra mostrar minhas defesas, as navalhas que me cortaram eu escondo, pra não usá-las na contradição. Meu corpo, minhas sensações, meus instintos, são a minha arte, são o meu ser. As minhas posses, as minhas mentiras, os meu gritos e iras. A dor nas minhas raízes. É tudo ou nada aqui, e tenho angústia dos que se manisfestam para mim em meio termo. Partam todos assim e não voltem outrora. O que tenho é só essa jangada pequena que não tem medo do mar. Se encontrar com Ela qualquer dia desses, mande lembranças, e diga à Ela que a amo, com todo o meu amor.
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