terça-feira, 8 de julho de 2014

Corpórea sinfonia

É um dia nublado de domingo
Acordei inspirado pelas suas imagens
Em minha mente, tão complexas e lúcidas
Então fecho meus olhos inalo todo o teu perfume
Que vive em minha lembrança
Pego meu violoncelo, imagino-o como teu corpo
E eu toco você
Toco suas melodias melancólicas de amor
Toco a música das suas memórias
Toco a sinfonia do teu beijo
E sinto sua boca suave a me beijar
Toco a melodia do calor que sai de sua pele
E sinto o fervor me queimar e me queimo em êxtase
Toco a música do teu riso que ressuscita minha alma
Que rouba minha atenção e eu te amo ainda mais
Toco a sinfonia do teu coração que por vezes eu ouvia
Deitado sobre seus seios nus
Eu te sentia viva e batendo dentro de mim
Tinha medo daquele som se tornar distante
Mas tinha mais medo ainda dele parar de bater
Seu cheiro estava em todos os lugares, estava em mim
E olhando aqueles espaços vazios eu chorei
Abracei  meu violoncelo (teu corpo) e chorei
Lágrimas de um palhaço triste, de um poeta sem amor
De um músico surdo, de um dançarino sem pernas
Eu te amei como os pássaros amam o céu
E as abelhas o néctar
Você era meu instrumento mais lindo
Eu me perdia e me encontrava ao te tocar
Tu eras a mulher mais essencial de minha vida
A rosa mais estonteante a desabrochar
Eras a minha fonte de plenitude
Minha agonia e meu prazer
Por mais que eu sinta falta da tua carne
Sinto mais falta ainda do teu ser
Você foi o ser mais lindo que já me aconteceu.

                 Ísis Caldeira Prates

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