Eu me sinto uma naufraga
Acordando em uma ilha deserta
Na areia, com as ondas batendo em minhas costas
Me sinto cansada e desnorteada
Estou redundante e pleonástica
Meu lápis tem escrito as mesmas palavras vazias
Sinto-me vazia como um jarro esperando pelas flores
Há um vão em meu ser
Um corredor da morte
Flores murchas em meu jardim incendiário
Escrevo cartas sem destinatário
E elas estão se acumulando em mim
Espalhando poesias sem par
Fazem-me cruzar todos o meus mares
E acabar apenas em ilhas desertas
Meu corpo não atende minha alma
Minha alma não atende meu corpo
A solidão já se tornou minha cúmplice
Não sei mais sobre o amor
Logo eu que sou tão intensa
Não sei mais como amar
As partidas esfriaram minha esperança
E do eu preciso agora?
Você diria que é amor
Eu digo que tenho medo
Que loucura essa minha
Eu, sentindo medo...?
É que as partidas me arrancam pedaços
E fico na carne viva
Eu não esqueço e nunca para de sangrar.
Ísis Caldeira Prates
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