quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Combustão

Coloquei fogo nos móveis velhos da minha casa
Deixei queimar
Fiquei olhando
Era quase Jimi Hendrix e sua guitarra
Eu estava tão louca quanto
Tão drogada quanto
Tão vaziamente cheia quanto
A fumaça da combustão me intoxicava
O calor era intenso
Mas não tão intenso quanto o meu
A fumaça não era tão tóxica quanto meu cheiro
Minha alma é selvagem
Incontrolável
As pessoas deveriam ficar mais tempo
Para terem tudo de mim
Para se perderem em meus caminhos curvilíneos
Nos meus beijos fogosos e desafiadores
Nos meus olhares profundos e nos meus sorrisos sádicos
Deveriam querer minha loucura
Confesso tudo
Sou louca e ponto e vírgula
Mas eles nunca têm coragem
Acabam com medo de mim
O problema não é meu
Sou cigana prolixa
Densa nos prazeres da carne
E alforriada nas percepções da mente
Sou pecadora
Dei-me esse rótulo
Já que nesse mundo imundo os pecadores se salvam
Se ajudam
Se ligam
Eu tenho uma Deusa interior
Que se mostra nas noites vazias
Que se mostra nos meles 
Que rouba sua pureza
E invade o céu.

Ísis Caldeira Prates


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Acorda pra poesia menina!

Tô viva! Tô viva!
Estou sentindo
É um nó na garganta e no peito
Mas tô sentindo
Se não sentir eu fico demente
Fico morta igual zumbi
Me acorda Isabela!
Sua amiga tem alma nos olhos
Outra vez.

        
         Ísis Caldeira Prates

Mais uma vez

Versos demoníacos, traiçoeiros
Me trazem de novo ao papel
Ao teu papel
Ao livro que eu escondi debaixo do colchão
Debaixo do coração
No meu corpo inteiro
Teu cheiro impregnado
Faz meu corpo tremer
Gemer por dentro
Dá voz ao meu coração vagabundo
Ah coração vagabundo
Caçador de migalhas
Tens tanto a aprender 
De tão apaixonado termina melancólico
Percebi que ainda sinto sua respiração
Ainda me lembro dos dias de amor
E das batidas do seu coração em teu peito nu
Como eu me doei para suas vontades
Como eu sonhei acordada
Ainda sinto a maciez de seus lábios necessitados
E isso me enche, pensar que já fui sua necessidade
Loucura
Eu sei, fui louca demais
Mas essa sou eu
Você gostava
Seus olhos sempre me diziam "eu quero"
Um querer medroso
Cauteloso 
Você ainda lembra
Ainda lembra sim
Porque eu fecho os olhos e sinto
Me perco no espaço tempo
Para que os ventos me levem a ti
Do amor eu aprendi algumas coisas
A gente tem que amar várias vezes
Se reencontrar várias vezes
A cada vez a gente fica melhor
Se entende melhor
Não sei se ficamos maduros
Mas entendedores corajosos sim.

Ísis Caldeira Prates