segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Voei feito pássaro livre

As luzes embaralhavam minha visão
Mal podia enxergar
Parecia o fim de um eclipse solar
O ar era mais puro
Recapturei minha imaginação
Enfim, saí da caverna de Platão.


                Ísis Caldeira Prates

Eu sei que você volta

Nossos corpos deitados, calados, virados, de costas
As palavras saíram quase sem querer
E eu esperando que entenda
Me dê absolvição
Não vamos nos julgar no tribunal da inquisição
Errei, erramos...
Mas ainda é amor e desejo
Ainda é o teu beijo
Ainda é você
Encosto minhas costas em ti
Sei que começas a sorrir
Viro-me e te beijo
Selamos assim o perdão
De um amor amado por inteiro.

                       Ísis Caldeira Prates

domingo, 24 de novembro de 2013

Ocupou meu esconderijo

Meu nevoeiro está com uma cor diferente
Não sei distinguir que cor é
Talvez seja a cor dele
Ou a cor dele e a minha juntas
Meu nevoeiro quase sorri para mim
Eu que antes não gostava de andar por ele
Hoje prefiro ficar
Bonito isso, não é?
Quando alguém ocupa o pior lugar dentro de nós
E faz com que este seja o melhor
Então as luzes não só piscam, elas iluminam
Eu disse que ele era um Anjo...

                        Ísis Caldeira Prates

Notas de uma m... Ah sei lá quem.

Parece que felicidade virou obsessão
Sabe, eu não estou obcecada por ser feliz
Estou obcecada por saber quem eu sou
E por isso não consigo ser totalmente feliz
Quanto mais me conheço, mais dúvidas tenho
E prefiro mesmo as dúvidas
Sem dúvidas eu seria um poço de ego
E cá pra nós, pessoas assim são um porre!

                    Ísis Caldeira Prates

Precisamos errar

Percebo que traumas íntimos são passados de pais para filhos
Vejo a repetição dos mesmos erros
Vejo cobranças por honestidade
Uma honestidade que beira a castidade
Mas não ouvi essas almas juvenis dizendo que queriam
Acho que ouvi no fundo uma vontade de errar
Pois a liberdade nos é passada como erro
Não podem escolher por nós
Querem cortar nossas asas
E não querem orientar nosso voo
Não nos conhecem e nem sabem quem são
Por vezes nos chamam de rebeldes
Mas tenho certeza que preferimos essa suposta rebeldia
À uma vida inteira de coerção.

                           Ísis Caldeira Prates

Notas de um velho solitário

Já estava anoitecendo
Meu rádio velho tocava música clássica
Nessa tarde não bebi como de costume
Fiquei ali, apenas observando o crepúsculo
O dia acabando, o sol se pondo
Por incrível que pareça
A melancolia não tinha a ver com paixões
Eu apenas tinha percebido em um momento de lucidez
Que estava velho e que como o sol, eu estava me pondo.


                          Ísis Caldeira Prates 


Aos que machucam os outros, meus pêsames

Eu procurei abrir meus olhos
Para poder ver as estrelas
Mas as palavras me impediram
De enxergar a infinitude
Palavras duras, palavras frias
Nessas palavras eu pensei por dias
Elas doeram por semanas
E mataram um pouco de mim
Mas ainda assim, fiquei melhor
Estava aliviada por não ser eu a agressora.

                Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Espero que me sinta

Tão perto agora...
Vou te ver
Vê se não vai embora
Antes que eu prove
Tudo de você
Faz algum tempo
Mas teu gosto
Ainda vivo, instalou-se em mim
E que desatino o meu
Te deixar ficar tão perto
E foi mesmo assim
Sem mais nem menos
Apareceu para mim
Eu abri a porta
E se preciso, abro de novo
Gosto do seu jeito
Talvez me traga paz
Ou mesmo desmantelo
Desde aquele dia
Só o que sei
É que todas as noites
Mesmo longe
Eu dormi com você.

                        Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Lola amarga

-Ei Lola, eu durmo confortável com três travesseiros!

-Ah estúpida, o nome disso é solidão.

                     Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O último poema que faço para ele

Volta e meia as lembranças dele perturbam-me
As marcas dele foram profundas
Mas é hora de partir
É hora de dizer adeus
Imaginava que esse adeus seria triste
Mas sinto como uma emancipação
Desprendo-me dele e também da ingenuidade
Desprendo-me da infância e da pureza
Desprendo-me daqueles olhos castanhos
Que me norteavam
O adeus mostra-me o mundo das opções
O mundo das descobertas
Acho que ele era uma zona de conforto
Que minha mente criou para eu me sentir segura
Mas foi amor também
Um amor pela pureza das sensações
Mas foram esperas demais
Expectativas demais
Por quem nada podia me dar
Mesmo assim não tenho arrependimentos
Eu o amei muito
Mas me libertar foi mais bonito
Foi mais digno comigo mesma
Acho que era isso que faltava entre nós dois
Minha dignidade intacta e minha sanidade mental.


                                      Ísis Caldeira Prates


                       

Anatomicamente sua

Meu corpo quer você
Por unanimidade dos meus órgãos,
Membros e glândulas
Meu corpo precisa-te
Ele viabiliza pelas minhas veias
Toda a substância que contém você
Meu corpo te procura
Pensa sentir teu cheiro nos lugares que passa
Meu corpo guarda na memória
Todas as suas imagens
Meu corpo guarda na boca o teu gosto
E guarda nos meus olhos os devaneios cheios de ti
Meu corpo libera adrenalina ao te ver
E endorfina depois de todo o prazer de te ter
Minha retina está viciada
Acompanha seus movimentos com destreza 
Meu corpo usa minha mente com covardia
Direciona ela totalmente para você.


                              Ísis Caldeira Prates

sábado, 9 de novembro de 2013

Fale de amor comigo

Essa visão do espaço entristece-me
Porque sinto sua falta
Quase posso ouvir teu sussuro no meu ouvido
Seus suspiros de quero mais
E eu ainda nem estou convencida...
É uma tortura pensar em ti
Tão longe... E pior, às vezes distante de alma
Queria poder entender seus pensamentos
Sinto-me insegura, te sinto inseguro também
Necessito dos seus carinhos
Desculpe, mas eu sou assim
Privar-me de olhar nos olhos
É como me tirar a luz
Espero que tenhamos tempo para nos sentirmos
Espero ser algo bom para você
Espero que se lembre de mim e sorria
Porque os seus sorrisos me dirão se vai ficar.

                          Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Agora cabem-me sensibilidades

Um dia acordei
E meus vestidos caros não me cabiam mais
Couberam apenas meus jeans velhos
E minha blusa descosturada
Por um momento senti falta da beleza de meus vestidos
E dos olhares que os acompanhavam
Mas descobri que minhas roupas simples
Eram acompanhadas por corações
Eu não tinha beleza, mas sim o belo.

                          Ísis Caldeira Prates

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O inteiro é preciso

Meias verdades
Meias palavras
Meias dúvidas
Meias amadas
Meias sujas
Meias caladas
Meias falantes
Meias mentiras
Meias molhadas
Meias secas
Meias vazias
Meias as mesmas
Meias vidas
Meias destinadas
Meias vândalas
Meias beijadas
Meias frias
Meias vivas
Meias almadas
Meias sem valor
.
.
.
Meias só cabem nos pés!


                        Ísis Caldeira Prates

Deficiências de amor

Posso ver minha solidão nos ponteiros do relógio
Hora que passa lenta e incômoda
Tem uma goteira sobre minha cama
Pinga o dia todo no meu rosto
Parece mostrar-me o quão só eu sou
Sinto que meu chão está em processo erosivo
E já faz tempo...
O tempo tem calado-me a boca
E feito queimar meu coração, está em cinzas
Eu às vezes tento buscar em outros olhos abrigo
Mas não há alívio nos lares alheios
As feras rugem e estremecem minha alma
Eu tenho calado-me perante os meus erros
Isso é ruim, é preciso rebobinar
Tenho percebido que o fardo nas minhas costas
Não é o mundo, são os meus equívocos
Essa tendência ao escuro me assusta
O que me falta mesmo é amor.


                                Ísis Caldeira Prates

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Minha busca apenas começou

Eu não bebo, mas preciso estar embriagada
Por qualquer outra coisa
Meu papel por si só já é bêbado
Me leva aos pensamentos alucinógenos
Que nenhuma outra droga me levaria
Mostra meu Superego
Destrói meu ID
Ah Freud, será que consegui?
Toda sórdida, toda lama, toda pó
Transformei-me no meu próprio pó
Então não me cheire, posso viciar-te
Meu papel é a abelha que espalha meu pólen
Divulga minha embriaguez
Mas não me importo com o que pensam
Não se trata de negócios
Trata-se de arte abstrata
Eu sei que sou um quadro difícil de decifrar
Entenda por si só, tire suas conclusões
Por mais que não esteja certo
Eu vou estar na sua mente
Nos seus pontos de interrogação
Uma lembrança viva
E o que isso quer dizer?
Eu não sei, talvez eu deixe marcas
Espero que diferentes das que deixaram em mim.


                         Ísis Caldeira Prates

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Reencontro florido

Já é novembro, e ainda me lembro
Lembro de ti
Já é perto, mesmo assim incerto
Será que vai sorrir?
Ainda se lembra dos meus lábios pedintes?
Eles continuam assim
Sabe, às vezes é difícil ficar longe
Ainda nem sei o por quê de ser você
Não fizeste nada, a não ser beijar-me
Mas beijo é coisa para se guardar
É intimidade de alma
É a porta para o coração
Beijo é chocolate quente no inverno
É picolé gelado no verão
Beijo que deixa saudade vira outono
Passa o inverno
E quando os lábios de novo se cruzam
Ah... É primavera ardente que chega
Espero ser o seu mais quente e ensolarado verão.


                            Ísis Caldeira Prates


                             

Vespa

Dois pares de asas
Para o voo revigorante
O cheiro das flores
Um vício constante
Um ferrão que fura a alma
Veneno oscilante
Atenta aos predadores
Sempre perseguida
Às vezes carnívora
Bom é o sabor do sangue
Tirado por um parasita
Vespa mutante
Carrega o pólen
E sua arma cortante
Por essas e outras
Assim me chamo, Vespa.


                          Ísis Caldeira Prates

domingo, 3 de novembro de 2013

Não se encante por poesias

É que poeta tem disso, sabe?
Isso de ser exagerado
Dramático ou romântico demais
É uma sinceridade perigosa
Muitas vezes falsa
Por ser poeta eu te digo
Cuidado com as palavras
Principalmente as que não são suas
Palavras são enganosas
Palavras são vazias
Mentir é humano
Mentir para si mesmo, mais ainda.

                       Ísis Caldeira Prates

sábado, 2 de novembro de 2013

Permito-me ser eu, permito-me a felicidade de uma alma fluida e presente

Só me perdoa...
É que às vezes eu sou meio doida assim mesmo
Meio dramática e exagerada e confusa
Muito ou pouco, oito ou oitenta
Eu nunca soube o que era "em cima do muro"
E pretendo não saber
Por mais que as tempestades me esvaziem
Eu continuo aqui e eu me encho de novo
Eu estou viva, eu estou vivendo
Se não deu, já era, já foi
Se deu, estou aqui, vamos juntos
Talvez eu assuste com essa sinceridade
Mas não dá pra mudar isso
Eu sou assim, sempre fui
Na maioria das vezes me ferro, eu sei...
Mas eu gosto de instantes infinitos
De sensações que transcendem a alma
Eu gosto do incerto, do frio na barriga
Eu gosto da espera, da adrenalina
Eu gosto de voar baixo
Já que não tenho asas para voar alto
Eu preciso dessa fuga da realidade
Ou eu explodo
Eu preciso sentir o invisível
Essa sim é a minha paixão
Sentir o que ninguém sentiu
Fazer quem está comigo sentir também
Quando você não se afasta
Quando você me procura
Eu sei que posso te dar o meu melhor
Eu aprecio a lealdade
Eu aprecio a firmeza de caráter
Eu aprecio ainda mais as pessoas que se permitem
Que deixam-se livres
Que sabem que essa liberdade um dia pode ser solidão
Mas por toda essa solidão
Um dia existiu vulcões em erupção
Amores apaixonados, sensações orgásmicas
Haverá lembranças nos dias solitários
Lembranças que trarão plenitude
Lindo é olhar para trás e sorrir
Chegamos bem ao fim
Para todo fim, um recomeço.


                         Ísis Caldeira Prates

Puramente eu, puramente nosso...

Eu tenho uma coisa para te dizer
Ou talvez para me dizer
Eu estou disposta a errar
Errar feio com você
Eu estou disposta a bancar a idiota
Estou disposta a me perder de verdade
Estou disposta a me machucar muito
Quero que saiba que estou disposta a tudo
Tudo que seja com você
Já cansei de sentir medo nessa droga de vida
E se eu posso escolher entre a droga da vida e você
É você que eu escolho
Eu não ligo para o certo e o errado
Que se dane os outros
Que seja breve ou eterno
Que seja estupidez ou verdade
Que seja o que for
Mas que seja intenso
E que nós possamos nos dar
Todo o amor que ainda nos resta
Quero te dar todo amor que a vida
Ainda não me tomou
Então vem Anjo
Vem logo, porque meu corpo quer o seu
Eu te disse, você sabe, eu disse
Você é mais que desejo
Você foi o melhor erro meu.

Segura minha mão, vamos ver um filme...


                                   Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Morrei na praia

Ponho os meus olhos em você
Para poder me enxergar
Ver meu reflexo em seus olhos
É como surfar nas ondas do mar
As ondas gigantes do Caribe
Me dão medo de me afogar
Se eu me afogar em você
Não terei salva vidas
Vou ficar para sempre ali
Flutuando sem acordar.

                   Ísis Caldeira Prates

Literal

Sou só mais uma garota solitária
No meio da multidão
Só mais uma que passa distraída
Paralela com a metaforização
Mentalmente eu me acho
Sem crime ou religião
Taciturna e noturna
Eu sou só alguém que mora
Na casa da emancipação.

                    Ísis Caldeira Prates

Não Lola! Eles vão machucar-te outra vez...!

-Ei Lola, sinto falta do seu sorriso sincero e do seu olhar amigo. Eu posso ajudar-te?

- Se antes mostrar-me o mundo, sim, porque no dia que eu já tiver visto tudo o que as pessoas são capazes de fazer, eu serei inocente outra vez.

Por baixo da lama

Tapei os espelhos de minha casa
Tento fugir da dor
Distrair-me com palhaços de rua
Estes tristes palhaços
Que andaram em mim
Minha bandeira branca já hasteada
Não condiz com meu estado
Tenho andado melancólica
Tenho rastejado
Inícios infinitos
Histórias sem fim
Apego-me às pontes
Mas quebram-nas
E deixaram os entulhos aqui
Já faço parte desse entulho
Ouço até o barulho das máquinas
Que vem limpar a podridão.
                           Ísis Caldeira Prates