quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ele passageiro

Eu queria te escrever pro resto da minha vida
Escrever tudo sobre nós dois
Descrever tudo que sinto
Tudo que acho bonito e infinito
Escrever todos os impactos caudados por você
Em mim, tudo em mim
Difícil é aceitar que você não pretende ficar
Se vai sair, saia também de dentro de mim.


        Ísis Caldeira Prates 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Esse amor de mansinho que tem cheiro de nós dois

Deita comigo na grama debaixo das estrelas
Observa comigo o infinito
A leveza da noite e a lua misteriosa
Sem ter nada o que falar
Apenas sentir nossos corpos cheios
Da presença sincera de nós dois
Sinto a noite, a lua e as estrelas como um lar
Mas olhar seus olhos me mostra um infinito
Que eu quero vivenciar
Posso trocar as belezas mundanas
Por esses olhos vivos e tímidos
Aconchegantes e quentes
Que alimentam minhas fantasias
Quero tanto você, mais que nos meus pensamentos
Me dói tê-lo distante
Vem me ver nessa casa vazia
Aqueça meus lençóis solitários
E beije essa boca que te quer
Experimenta um pouco se entregar aos meus braços
E eu faço-te perder a linha e o caminho de volta para sua casa.

          Ísis Caldeira Prates

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Vielas

Amar meus vazios obsoletos
Meus intrigantes destinos
Minhas decadências furtivas
E minhas paisagens cataclismáticas
Amar minhas oscilações e desventuras
Minha ética protestante
E minhas aflições intrínsecas
Amar minha arte boêmia 
Meu estado demente de fixação
Amar-me por mim, por nós 
E por fim, em prol dos meus desajustes. 


           Ísis Caldeira Prates





 

Eclipse total

Os olhos abertos no escuro
Viam a luz trépida distante
O coração batia em pulsações azuis
O sinal subia e descia lento
Uma dolência escorria das pálpebras 
Amar parecia tarde
Sequências eloquentes de invasão
Golpeavam a consciência amorfa
Dos casulos escorria vergonha
Alimentando as agonias viscerais 
Tapete puxado no desconhecido
Antes da dormência, viu-se em 
Eclipse total.


      Ísis Caldeira Prates

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Você me desculpa?

Me desculpa pela chatice
Pela cobrança exagerada
Pela falta de paciência
Me desculpa pelos enganos
Pelos equívocos
E pelas bobagens
Me desculpa por ser tão cheia de fases
Desculpa o drama
Mas senão fosse assim não seria eu
E você não gostaria de mim
Desculpa os defeitos
Desculpa por te querer tanto
Desculpa a preocupação
É que você é a porta desconhecida
Que eu insisti em abrir
Não me arrependo
Abro de novo e de novo
Todos os dias
Enquanto nos fizer bem.

     Ísis Caldeira Prates

Eu minto para mim

Eu ouço a voz dele à noite
Debaixo do meu lençol
Ele diz baixinho
Com voz de menino
Que me ama também

Mas é tudo sonho
Nenhuma noite ele vem
Eu sei, não tenho ninguém.

    
          Ísis Caldeira Prates

O que você quer de mim?

Eu gosto do cheiro de chuva que você tem
Eu gosto do escuro quando você vem
Eu gosto do gosto suave da sua boca
Eu gosto de andar na sua corda bamba
Eu gosto das ondas dos teus olhos
Eu gosto das batidas do seu coração
Eu gosto de pensar em você
Eu gosto de te ter por perto
Eu gosto do seu sorriso
Eu gosto de quase tudo em você

Eu não gosto da sua distância
Eu não gosto das suas partidas
Eu não gosto de te sentir de longe
Eu não gosto da sua insegurança
Eu não gosto da sua covardia
Eu não gosto do seu medo
Eu não gosto do seu desinteresse
Eu não gosto da parte sua que não me ama
E não sei se eu gosto de você
Ou se eu te recriei só para suprir o meu prazer.


          Ísis Caldeira Prates

O amor que eu preciso

Eu só preciso de um amor que ama
Que vem de mansinho
Que me vem com carinho
Eu só preciso de um amor bonito
Que me precisa e que me tem
Eu só preciso de um amor amigo
Que também seja abrigo sem me fazer refém
Preciso de um amor que fala com os olhos
E com as batidas do coração
Eu só preciso de um amor de alma
Daqueles que tiram o chão e dão as estrelas
Eu preciso de um amor atento
Que faça meus remendos quando eu estiver no chão.

           Ísis Caldeira Prates

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Morte poética

O frio atinge e pulsa no corpo febril
As peles finas não se defendem
O gelo vai calando os órgãos
Petrifica o vermelho vivo
Poesia morta
Vai calando os olhos
Por fim, cala a vida.

       Ísis Caldeira Prates

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Preciso de gente que sabe sentir

Preciso de borboletas fiéis
Daquelas que não fogem do meu estômago
E vão embora com seu criador
Preciso de sentimentos vivos
Preciso de gestos de amor
Preciso de calor, não de frieza
Preciso de menos anestesia e mais sensibilidade
Meu coração está clamando por compatibilidade.


           Ísis Caldeira Prates

Anda pro lado da fé

Enfim, à sós comigo
Preservada em um campo de contenção
Contida em misérias e exaustão
Desdobrada por coisificação
Passo meus dias calmos
Ao lado da inundação
Percebo os velhos trapos
Que insistem em me vestir
Serão eles os primeiros a me possuir
Os ventos vêm soprando para o sul
Sul de minh'alma
Que cata latinhas
Como quem não tem para onde ir
Diz-me sereno, onde vão os primeiros?
Pois só sei ser última entre os viveiros.

           Ísis Caldeira Prates

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O perfume vermelho escorre pelos meus olhos

Todas as minhas rosas roubadas
Foram de jardins febris
Contaminaram-me com essa febre
Um vírus maligno habitando em mim
Roubei rosas tão inocentes
E seus espinhos cravaram em mim
Queria apenas contemplar aquelas rosas
Porém elas não queriam vir
Imaginei todo um encanto
No entanto, fizeram-me esvair
Não posso mais devolvê-las
Elas estão em mim
Ó céus! O crime não compensa...!


        Ísis Caldeira Prates