Talvez eu acabe promíscua
Fazendo poesia de bar
Talvez eu me deite no escuro a procura de um par
Meu olhar de dor continua a sustentar
todo o vício que me restringe a ficar
Procuro cega o caminho
Labirinto vivo de tristeza lunar
Rasteiro é meu pranto indigno de amor
Pudera eu ser uma flor
Que mora no mato viva em cor
Exibo-me para a solidão
O nada procura perdão
As rosas no caminho murcharam
As flechadas do vizinho sangraram
Os próximos estão amargos
Confio desconfiado
Os amores em vida se calaram
Meus dias estão desalinhados
Esteja lá quando eu pedir
Passarinho volta a sorrir
Caminhar em dor é partir
Abalo corriqueiro a me perseguir
Mutilados estão meus pés
Fardos no lombo caído
Saio em mistério distante das estrelas
O céu não é certo quando se cobre as espadas.
Ísis Caldeira Prates
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