domingo, 19 de março de 2017

Amor à dois



Nesse multiverso, de múltiplas existências
Múltiplos paralelos e saídas
De múltiplas escapatórias e prisões
Nesse aglomerado insano de espaço tempo
Nesse desvelar fugaz de faces insossas
Nesse lugar de membros retraídos
Eu abracei você
Com todos os significados que um abraço tem
Eu acariciei você
Mesmo com todos os medos que eu tinha
Eu olhei para você
Talvez por um último insight de sensatez
Eu não fui roubada nem invadida
Eu fui tocada devagar e profundamente
À cada toque um suspiro de ligação com o infinito
Um quebra do tempo escravocrata
Descobri que o amor nos salva da morte
Que amar à dois é um ato de libertação
É um escudo contra as mazelas do mundo
Um instante de silêncio flutuando fora da gravidade
O amor é cheio de buracos de minhoca
Nos teletransporta para diversas dimensões
Às vezes somos atacados por chuvas de meteoros invejosos
Somos atacados pelo "lado ruim da força"
Mas brilhantemente nós desviamos calmamente
Sem agredir de volta os agressores
O amor ensina essa calmaria
Essa vida em comunidade
Essa tentativa de ser melhor
Um amor de conexão profunda
Está muito além das palavras e das ações
É um tipo de certeza energizada
Que vibra numa simples troca de olhar
Eu olho para esse amor e me sinto admiravelmente feliz
Nesses contornos do teu corpo
Eu encontro as entregas que eu preciso
As coragens que eu nunca tive
E as delicadezas que eu deliberadamente nunca dei
Ísis Caldeira Prates

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