terça-feira, 23 de junho de 2015

Onde mora meu abrigo?

Por favor, não repare a minha loucura
É tudo sequela da minha solidão
Meus cem anos de solidão
Meu coração ficou arisco
Ficou desconfiado
Dolorido e maltratado
Apesar das chibatadas
Não criei armadura
Fiquei frágil
E devia vir escrito
como nas embalagens
Criei armadilhas de inseguranças
Labirintos rumo à abismos
Vez ou outra cortam minhas asas
E eu desaprendo a voar
Eu sei, eu sou muito louca mesmo
Doida e doída
Mas é tudo o que eu tenho para dar
Além do meu amor
Eu só sei amar pedindo
Necessitando
Sugando cada instante
Porque quando aparece alguém
É como tocar a liberdade
Que eu acabo aprisionando
Com esse meu medo pavoroso da solidão
Eu sou inconstante e intensa
Intensa mais que a morte
Eu me apego aos seres
E me agarro a missão de salvá-los
Entretanto, nem todos querem ser salvos
Porque nem todos esperam até ver tudo de mim
Todos se vão precocemente
O amor torna a me doer outra vez
Eu só queria que lutassem por mim
Que suportassem meus desajustes
Que entendessem a minha poesia
Essa minha sinfonia corpórea com essência divina
Que só pode ser ouvida no silêncio de um abraço
No qual eu me torno cura
É uma selva de pedras
Onde não se vê o sol
Eu vim da gênesis
Meu coração ainda é humano
Ainda sou de carne e osso
Não virarei apenas pó.

Ísis Caldeira Prates




segunda-feira, 22 de junho de 2015

Eu te confesso

Eu te confesso agora e para sempre essas coisas que te direi ou que te escreverei, apenas saiba que é do fundo do meu coração. Quem diria meu bem, que tudo começaria naquele dia do trote da faculdade, você quebrando um ovo na minha cabeça e eu vingativa fazendo o mesmo com você. Um começo engraçado e descontraído, que fez esse nosso encontro de almas doloridas, mas com um amor imenso. Naquele dia eu enxerguei você, tinha algo no seu jeito de falar e de se expressar que era extremamente autêntico, e é esta palavra que mais combina com você. No começo você quebrou um ovo na minha cabeça e no final deitou a cabeça no meu ombro, controverso que nem eu, porém é como dizem: os loucos se entendem. Então você foi chegando sorrateiramente com um toque de ousadia (sem ousadia não é você), e eu fui deixando porque de alguma forma você acordava a liberdade que havia em mim. Não tivemos joguinhos, simulações ou pretensões, éramos dois devassos com uma química "master das galáxias", os conservadores diriam que fomos rápidos demais, entretanto foi tirando nossas roupas que nós nos conhecemos. Só assim pudemos ver nossas histórias, nossas cicatrizes, nossos vazios, decepções, traumas, enfim todas as nossas anomalias. E foi nas nossas dores e prazeres que nos encontramos, e é por isso que com tão pouco tempo já nos conhecemos mais do que muitos casais. Eu sei dos seus defeitos e você sabe dos meus, nós aceitamos isso e entendemos, acho que a coisa mais linda que há em nossa história é o não julgamento, nunca nos julgamos, sempre aceitamos um ao outro e somos sinceros. E pensar que naquela noite em que tudo deu errado eu quis te deixar, mal sabíamos que dali é que nosso amor iria surgir com toda força, maior do que imaginávamos. Você me pediu para eu não te deixar, você não queria me perder e lutou por mim, isso foi maravilhoso, não há nada mais bonito do que lutar pelas pessoas que nós amamos. Você preenche os meus vazios, me protege do mundo, me dá uma sensação infinito, de imortalidade, eu me sinto feliz e amada, eu acredito em você porque quando eu olho em seus olhos tudo faz sentido. Eu pensei que nunca mais amaria ninguém, pensava que ficaria sozinha, mas aí a vida vem e mostra o contrário, a vida veio e me trouxe você. Não foi por acaso, não acredito em acasos, você é minha missão, a mais linda de todas. Eu quero muito te fazer feliz, quero estar ao seu lado em todos os momentos, quero ser sua melhor amiga, sua mulher e sua amante. Eu quero te ajudar a ser um homem melhor do que você já é, assim cresceremos juntos. Sei que nem tudo são rosas, teremos nossos altos e baixos, nossas desavenças, mas que mesmo chateados um não seja indiferente com o outro e continue se importando. Porque o amor nunca acaba, ele se transforma e eu espero que o nosso seja sempre transformado em coisas boas e que mesmo longe, não estejamos distantes de espírito. Eu tenho certeza de que eu te amo por tudo o que somos e que nos tornamos, e principalmente por saber que posso te perdoar sempre, porque amor é feito de perdão, qualquer tipo de amor é assim, perdoa, espera e consola. Você deve estar pensando: "Que texto...!". Você conhece sua Isinha poetisa, intensa mais que a morte. Parabéns xerozo! O aniversário é seu, mas eu é que ganho presente, VOCÊ! Eu te confesso... Eu te amo!

Ísis Caldeira Prates



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Encontro dos viajantes

Digitais espalhadas pelo meu corpo
Eu sou um pássaro azul em liberdade
Universo paralelo
Fechei a porta
Você sorriu
Olhos sinceros
Sintomas de profundidade
Se me ama aceite-me
Eu já te aceitei
Até o último suspiro
Enquanto existir necessidade
Somos um rio caudaloso
Perene
Às vezes afoga gente
Às vezes mata a sede
Leva para a calmaria
E termina em braços meigos
Braços amáveis
Misericordiosos
Amor é misericórdia
É consolo
Te vejo de olhos fechados
Não são meus olhos de carne
São meus olhos da alma
Você tem cheiro de cosmos
Esse teu cheiro de infinito
Me leva aos meus extremos
E não me julga
Eu nunca fui tão eu quanto sou com você.

Ísis Caldeira Prates 


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Amorteamo

Pulsa e bombeia
Bombeia e pulsa
Bate, bate, bate
Apanha, apanha, apanha
Um ritmo sensual
Se não fosse trágico
Se não fosse amor
Descobri! Eu te amo!
Ó céus! Ó lua!
Por que tão sério?
Estou amando um devasso
Estou amando um perdido
Esse bandido que tirou minha roupa
e roubou meu coração
Ah quanto clichê!
Sou pássaro livre
Não me venha pôr algemas
Viro bicho feroz
Viro bicho selvagem
Nasci da selvageria
Mas estou amando você
Estou assustada e amando
Que pesadelo!
Estou ficando no seu ninho ao invés
de bater asas
Larguei o sol e o céu azul claro
Para conhecer a sua lua e seu céu estrelado
Lar de amor anômalo é noite
Noite dos prazeres
Noite dos esconderijos
Quatro paredes ganhando de um vulcão em fúria
E nossas almas se encaixam
Se ajeitam na nossa agonia e perversão
Encontramos beleza na dor
E delicadeza nas mãos entrelaçadas
Nosso suor lava a alma
Limpa as desilusões
É lindo sugar tudo do outro e continuar ali
Mesmo quando nada resta
Mesmo quando só resta alma
Devora a carne e fica para observar a alma
Já viu minhas cicatrizes e minhas deformidades
Já morri em teus braços
Agora preciso renascer
Amor te amo!
A morte amo...


Ísis Caldeira Prates