terça-feira, 13 de novembro de 2018

Balanço do fim do mundo

Então é isso. Agora tenho 21. E como Adele, também fiz um álbum. São imagens e músicas de mim em alta fidelidade. Impressões, monólogos, olhares de espelhos, milímetros, ângulos e metamorfoses. Não é sobre você, é sobre mim. Das incontáveis transgressões que eu cometi, olhar-me como todas as mulheres que eu fui e todas as mulheres que eu ainda posso ser. A melhor de todas, eu. De todos esses infinitos pelos quais eu continuo vagando, sentido os perfumes e as síndromes. Quem dera eu pudesse alcançar as minhas promessas, agarrá-las por uma fração de segundo e dizer um profundo sim. Quem dera eu pudesse ouvir meus ecos e dizer para o universo o porquê de mim. São 21 anos passando por quatro estações. Das loucuras que cometi, apenas a sensatez. Talvez eu seja um cacto nesse deserto de almas volúveis e a vida seja um balão indo ao meu encontro. Nesse balanço de incontáveis crises, eu voo ao céu e toco meus pés no chão para pegar impulso. No palco do meu teatro, eu dou preferência à tragédia, porque viver já é cômico e não existe tragédia sem amor. De tudo o que eu busquei até hoje, notei que minha Ísis era a onisciência. Eu já sei de tudo e saber de tudo, ah... Isso sim é o fim do mundo.

Ísis Caldeira Prates


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