O altar, a cruz e as espadas. Todos os vícios, as ganâncias, as audácias, os obsoletos. As minhas fúrias rugem nos ecos do vazio, sou isso aqui mesmo que está vendo, essa mestiça de nariz empinado, essa plebeia cheia de realeza, essa primata cheia de divindade. Sou o que sou e quem me dirá para não ser? Das coragens que a vida me pôs à prova, ser meu bem e meu mal foi meu triunfo. É claro que não agrado a maioria, quem agrada quando não faz questão de ter? As pessoas se prendem ao sociável, mas observo que tudo é um jogo de interesse. As verdades não habitam os corações que se dizem de todo abertos. Os populares falseiam alegrias para se manterem no poder. Por que tanto desespero em ser aceito? Tanta forçação de barra para agradar aqueles que não ligam. O cheio é fugaz, o vazio é redenção. Sou dona dos meus atos, dona das minhas vontades, sou nebulosa, buraco negro, deusa de mim mesma. Meu peito não é de todo aberto, meu coração não transborda coisa boa, nem sempre minha energia é luz, sou defeituosa, calejada, pavio curto. Mas eu sou aquilo que quero ser, aceito as críticas, me conheço, faço de mim jarro vazio que permite novos líquidos e ciclos de observação. Me dou o direito de viver e fazer aquilo que sinto, por isso aceito que as pessoas façam o mesmo. Minha paz é mesa virada, meu discurso só serve para mim. Não vou até ninguém, mas minhas ficam aqui estendidas. Por toda a minha audácia de não precisar de migalhas, sou a mais julgada. Quem liga? A gente está nesse mundo por uma busca interior, o mais é consequência. Vivemos sozinhos por toda a vida, e as viradas desta, só nós podemos fazer por nós mesmos. Podem me chamar de esquisita, de mal educada, de metida, de faladeira e do que quiserem. Não podem tirar de mim tudo aquilo que querem ser e não são.
Ísis Caldeira Prates
Nenhum comentário:
Postar um comentário