quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Combustão

Coloquei fogo nos móveis velhos da minha casa
Deixei queimar
Fiquei olhando
Era quase Jimi Hendrix e sua guitarra
Eu estava tão louca quanto
Tão drogada quanto
Tão vaziamente cheia quanto
A fumaça da combustão me intoxicava
O calor era intenso
Mas não tão intenso quanto o meu
A fumaça não era tão tóxica quanto meu cheiro
Minha alma é selvagem
Incontrolável
As pessoas deveriam ficar mais tempo
Para terem tudo de mim
Para se perderem em meus caminhos curvilíneos
Nos meus beijos fogosos e desafiadores
Nos meus olhares profundos e nos meus sorrisos sádicos
Deveriam querer minha loucura
Confesso tudo
Sou louca e ponto e vírgula
Mas eles nunca têm coragem
Acabam com medo de mim
O problema não é meu
Sou cigana prolixa
Densa nos prazeres da carne
E alforriada nas percepções da mente
Sou pecadora
Dei-me esse rótulo
Já que nesse mundo imundo os pecadores se salvam
Se ajudam
Se ligam
Eu tenho uma Deusa interior
Que se mostra nas noites vazias
Que se mostra nos meles 
Que rouba sua pureza
E invade o céu.

Ísis Caldeira Prates


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