Eu a via passar perdida pela cidade
Com o olhar vagando dentro de si mesma
Ela era tão linda, mas de um vazio tão grande
Pensava em chamá-la pelo nome
Mas era muito pouco
Quem era ela?
Eu via uma tigresa indomável
Que acabou sendo domada pela solidão
Tinha um brilho de sol caloroso querendo sair dela
Um desabrochar tardio e prazeroso
Eu disse que ela era linda?
Estonteante, meus olhos seguiam fascinados por aquela melancólica distinta
Ela era vista por fetiches, eu a via por loucura
Ela por vezes parecia uma miragem
Eu bebia o vinho mais doce que caía na minha taça ao passar por ela
Eu não queria encontrá-la para salvar
Nunca fiz curso de salva-vidas
Queria cair naquela doida, doída, secreta, mulher!
Aliás, "mulher", característica muito vaga para ela
Um ser paralelo, sem denominações
E pensando em tudo isso, eu percebi
Ela não existia, nem eu.
Ísis Caldeira Prates
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